Em plena região mais próspera e rica do Estado, na cidade que ainda recebe a maior parcela dos royalties do petróleo, a população se acostuma a conviver com adversidades que destoam à referência de “Capital do Petróleo”, de uma realidade pautada por precariedade e problemas.
A cena vista por motoristas que retornavam para a cidade durante o Domingo das Mães reflete o quão é preciso discutir, avaliar e construir novos conceitos de gestão pública, sempre com a visão na democracia, único alicerce capaz de produzir dias melhores para o município que vive à sombra da maldição do petróleo.
Enfileirados, veículos danificados por uma cratera que de forma recorrente, surge na área que representa a gêneses do petróleo nacional, se tornaram o exemplo de como ainda é complexo participar do dia-a-dia do município que ainda gera orçamento na casa dos R$ 2 bilhões, mas que sente de forma bastante potencializada os efeitos da crise.
A precariedade na infraestrutura das ruas representa o tamanho do atraso que o município ainda vive, mesmo após uma década de arrecadação de receitas oriundas das operações da Bacia de Campos. Com mais de R$ 10 bilhões registrados em cinco anos, Macaé torna-se o exemplo de como não aproveitar as oportunidades que o petróleo gera.
Hoje, Maricá é o município que mais arrecada com as cotas da Participação Especial do Petróleo. E se não se preparar de forma técnica, aproveitando a onda das riquezas oriundas do pré-sal, acabará se tornando uma réplica de Macaé. E isso não é difícil de acontecer.
Enquanto a pressão popular não se torna a verdadeira voz da sociedade, cenas como a registrada na Rodovia Amaral Peixoto, próximo a Cabiúnas, se tornará comum. E isso não cabe a uma cidade que já conta com mais de R$ 50 milhões em excessos de receitas.
E por mais que o dinheiro e o poder estejam atrelados a um eterno jogo político, que segue o mesmo roteiro, apenas com personagens diferentes, ainda há uma esperança de que dias melhores virão. E o poder para transformar essa realidade segue nas mãos do povo.