Moradores fazem manifestação contra o fechamento de colégio

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Pais de alunos lideram abaixo assinado e pedem assembleia geral da Associação de Moradores

Moradores do bairro Pecado, pais e funcionários do Colégio Atlântico fizeram uma grande manifestação no último sábado (6) com caminhada e abraço à unidade em defesa da permanência da escola. Eles denunciaram que houve arbitrariedade na denúncia feita pela Associação de Moradores Vivendas da Lagoa e Morada das Garças ao Ministério Público e pedem nova assembleia convocando todos os moradores, o que já foi negado pela associação de moradores. Moradores e alunos vestidos de branco deram depoimentos durante o ato que mobilizou o bairro.

“Os moradores não foram convocados para assembleia, ninguém ficou sabendo de assembleia para retirar escola. Um grupo da Associação de moradores entrou com pedido no Ministério Público sem colocar em votação da maioria, deram entrada de forma ilegal por motivos pessoais contra a escola”, denuncia Cintia Gonçalves, mãe e moradora do bairro. “Eles teriam que fazer uma assembleia agora convocando todos para ouvir a população do bairro. Cadê a manifestação de quem é a favor da retirada do colégio? Cadê a Ata que decidiu isso?”, pergunta Dayana Rosa, também moradora.

Adriana Liberato mora no Riviera e matriculou o filho na escola. Ela conta que o trânsito tem fácil fluxo de acesso e que não há qualquer problema. “É muito importante ter uma escola em um bairro. Quanto mais acesso à Educação maior o ganho da população”.

Fernanda Flores era uma das mães participantes da manifestação e demonstrou indignação contra a ação. “Tem que tirar os quiosques e bares do bairro. O país luta pela Educação e a gente se depara em Macaé com movimento contrário à Educação. Se tirar o Atlântico do Pecado vai ter que tirar todas as escolas dos bairros de Macaé”.

Karina Crespo Shuler é mãe de uma aluna que estuda no bairro desde os dois anos de idade. Ela também não entende a argumentação do pequeno grupo que luta pela saída da escola do bairro. “Moro há sete anos aqui e a escola em nada atrapalha o dia a dia do bairro, pelo contrário, só agrega”.

Mara Brandão não possui filhos nem netos na escola mas como moradora esteve presente na manifestação em apoio à permanência da escola. “Estão afetando a qualidade de vida das crianças moradoras do bairro que são alunos em sua maioria e vão à pé para escola. As associações deveriam ver os quiosques se estão regulares com som alto”.

André Luís Teixeira, morador do Condomínio, acredita que há outros interesses por trás da atitude do grupo. “Não faz sentido lógico querer tirar uma escola de um bairro. Penso que devem estar querendo colocar outro empreendimento com interesse no uso do local. Estão prejudicando muitas crianças que irão se afastar de suas casas e ter que pegar transporte para sair do bairro para estudar longe”.

Marina Reis está se mudando para o Pecado por causa da escola para que a filha estude próximo de casa. Ela morou em Nova York e vendeu sua casa no São Marcos para ir para o Pecado. “Nos Estados Unidos as famílias americanas escolhem os bairros para morar por causa das escolas lá existentes através da consulta do CEP. Há uma valorização grande e até especulação imobiliária por lugares que tem escola. Isso que está acontecendo em Macaé vai contra a cidadania”.

Os pais Cláudio e Ione Célia, moradores do Morada das Garças, condomínio do Pecado, fizeram questão de ir ao abraço. “As crianças terão que pegar vans escolares, ônibus? Se podem estudar indo de patinete, a pé ou de bicicleta no mesmo bairro para a escola. Não entendemos isso”.

A polêmica sobre a permanência ou não do Colégio no bairro está sendo discutida por toda cidade. O espaço foi construído há mais de 20 anos e já sediou outras escolas: Americana e Ômega, não havendo qualquer problema em decorrência de escolas no local. A direção do Colégio Atlântico afirma que não há qualquer impedimento para o exercício da atividade, tendo alvará definitivo, estando totalmente regularizado. “Mais de 70% dos alunos são moradores do bairro, sendo em sua maioria da Educação Infantil. A escola possui alvará definitivo desde 2017 e está toda legalizada e regularizada, coisa que as escolas anteriores não tinham. A escola não aumentou o trânsito no bairro porque a maioria dos alunos são moradores daqui e não há problema ambiental causado pela escola”, destaca a direção.

Liderando um abaixo assinado em favor da permanência do Colégio, Cristina Oliveira, mãe de dois alunos e moradora do bairro, se diz indignada com a situação. “Vamos entregar esse abaixo assinado ao Ministério Público em favor da permanência da escola, pois um pequeno grupo elitista que defende os interesses particulares de alguns moradores, tratam o bairro como um condomínio e não querem a escola”.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional incide independente se a escola é pública ou privada devendo garantir à criança o direito de estudar perto de casa. Impedindo o Colégio Atlântico de atuar no bairro poderá acarretar na mudança de outras 14 escolas particulares de Macaé situadas em áreas residenciais.

O Pecado se divide em duas associações: Morada das Garças e Vivendas da Lagoa. O presidente da Associação de Moradores do Morada das Garças, Elciones Simor, disse que não tem nada contra a escola, desde que a mesma esteja dentro da legalidade baseada no código de urbanismo. A mesma opinião é da presidente da Associação de Moradores da Vivendas da Lagoa, Mônica Canelas. Segundo os denunciantes da Associação de Moradores o código de urbanismo não permite escola no Pecado por ser tratar de área residencial. O colégio Atlântico possui alvará definitivo e todas as certidões, inclusive, do Corpo de Bombeiros. O colégio emitiu uma nota :

“Com certeza as pessoas que entraram com essa ação têm interesses particulares, desconhecem ou pouco se importam, com as representações e simbolismos que envolvem uma escola. Muito mais que um prédio dividido em salas, com alunos, professores, brinquedos, a escola é um Ponto de Luz. Irradia positividade, acolhimento, alegria, além de toda a magia e mistérios gerados pelos encontros diários. Nunca na história desse país, tomamos conhecimento de pressão por parte de alguns membros de uma associação de moradores, para fechar uma escola. Nunca! A grande mobilização desse sábado mostrou para as autoridades que o bairro Praia do Pecado não quer fechar nenhuma escola”, pontuou a direção da unidade.