Velhos problemas, como manutenção, limpeza e os alagamentos, continuam deixando os moradores indignados
Já se passaram quatro meses desde a última visita do Bairros em Debate ao Novo Horizonte, entretanto, a situação no local permanece da mesma maneira. Apesar de promessas, melhoria que é bom, nada. Enquanto isso, mesmo sem perder as esperanças, o sentimento de quem vive ali é de esquecimento. Sem ter mais a quem recorrer, os moradores procuraram a nossa equipe de reportagem novamente essa semana.
O bairro sofre um dos maiores contrastes sociais do município. Enquanto as belas residências chamam atenção no lado nobre, a parte carente fica escondida atrás de tantos problemas, esses que parecem estar invisíveis para quem passa por ali, principalmente pelo poder público. Diante disso, essa semana o Bairros em Debate volta para retratar, mais uma vez, a realidade dessas famílias.
Alagamentos ainda são comuns em alguns trechos
Na lista de reclamações ainda encontram-se as mesmas reivindicações. No topo estão os alagamentos em algumas ruas. Segundo a população, a água invade as casas, trazendo muitos estragos e prejuízos.
E esse foi um dos bairros atingidos pelas chuvas essa semana, que deixaram Macaé em estado de calamidade.
“Se com pouca chuva isso aqui já fica alagado, imagina com esse estado que a cidade se encontra. Ninguém entra e ninguém sai de suas casas, isso quando nós não perdemos os nossos pertences quando a água invade as casas. É uma situação agonizante”, relata uma moradora, que não quis se identificar.
Obra da Cedae causa transtornos
Há cerca de duas semanas, moradores da Rua Curitiba, antiga E-18, estão convivendo com os transtornos gerados por uma intervenção da Cedae. De acordo com o morador Patrick Paes Filho, eles abriram metade da via e, ao terminar o serviço, teriam deixado tudo aberto. A prefeitura, que geralmente realiza o reparo, até então não havia aparecido no local.
“Abriram metade da rua por uns 200 metros para colocar água em um prédio. Fizeram um serviço de qualquer maneira. Já liguei para a prefeitura e ela disse que não era responsável. Tem duas pessoas trabalhando sem EPI, sem camisa e sem equipamentos corretos”, conta.
Ele diz que, por conta disso, quando faz sol, a poeira do barro invade as casas. Quando chove, é a lama que causa dor de cabeça. “Não tiveram a coragem de jogar uma água no dia para baixar a poeira. Tive que dormir na casa da minha mãe porque tanto a minha filha, quanto eu, temos rinite e sinusite alérgica. Estamos sofrendo muito por conta disso”, detalha ele contando que os paralelepípedos estão sendo recolocados de forma irregular. “Estão colocando de qualquer jeito. Obra de fundo de quintal. Não tem fiscalização nenhuma”, completa.
Em alguns trechos os moradores não conseguem entrar e sair de suas casas. “Além do buraco, tem ainda a questão dos paralelepípedos amontoados na porta das nossas garagens. Os ônibus, que circulam nos dois sentidos, estão com dificuldades para passar na via. Um caos total”, ressalta outro morador, que não quis se identificar.
Sem áreas de lazer, crianças brincam na rua
As praças são geralmente um ponto de encontro de moradores do bairro, sendo a principal opção de lazer para a população. Mas no Novo Horizonte isso é apenas um sonho para quem vive ali. O bairro não possui nenhum espaço desse tipo, sendo o mais próximo no Campo D’Oeste.
Sem opção de lazer, crianças e adolescentes são obrigados a brincar no meio da rua, sem nenhum tipo de segurança. Nas ruas as opções de brincadeiras acabam se tornando perigosas e põem em risco a vida das pessoas e das próprias crianças.
A única opção do bairro é um campo de terra improvisado, que não oferece nenhum conforto e segurança para seus frequentadores.
Limpeza é alvo de reclamações
No Novo Horizonte serviços básicos como a capina não estão sendo feitos com a frequência que necessita. A demora para atender o bairro resulta em outro problema: o descarte irregular. Boa parte dos terrenos baldios está tomada não só pelo mato, como também pelo lixo e entulhos.
A situação é pior na parte mais carente, onde a população não tem conscientização sobre as consequências desse ato, considerado ilegal segundo prevê a legislação municipal.
Além das zoonoses, esse problema resulta em outras consequências, como, por exemplo, os alagamentos, comuns no bairro.
Outro problema que o descarte causa é a obstrução do passeio. Em algumas ruas há materiais de obras em calçadas, situação que obriga os pedestres a desviarem pela rua.
Moradores reivindicam pavimentação
Há cerca de dois anos, o jornal O DEBATE publicou uma série de reportagens mostrando as péssimas condições de algumas ruas no Novo Horizonte. Sem resposta do poder público até o momento, moradores da E-11, E-12 e E-13 continuam relatando os transtornos vividos por conta da falta de manutenção no bairro.
“As ruas estão péssimas. Uma vergonha. Enquanto isso, os bairros em volta possuem asfaltamento. Não sei se outros moradores procuraram a prefeitura para reclamar, o que posso dizer é que um vereador já fez o pedido nos órgãos responsáveis. Eles alegam que não fazem por causa das chuvas, pois pioraria a questão dos alagamentos. Só que tem localidades piores que já foram pavimentadas”, diz o morador Hugo.
Quando chove, a situação ali não é diferente dos outros locais da cidade onde não há infraestrutura. Os moradores precisam enfrentar a lama para entrar ou sair de suas casas. Já em dias de sol, é poeira e os buracos que causam problemas para quem vive ali.
A nossa equipe de reportagem entrou em contato com a prefeitura há cerca de três meses. Na ocasião, ela explicou que as intervenções nesses locais estariam contempladas dentro de um processo a ser licitado pelo governo municipal. O projeto estaria em fase de conclusão para que a tramitação legal seja iniciada em breve.
O que diz a prefeitura
Em relação ao problema da Rua Curitiba, a prefeitura disse que o trabalho de manutenção é contínuo no município. Neste caso, ela diz estar ciente da situação e aguarda o contato da Cedae, que geralmente ocorre quando acontece a finalização da obra. Desta maneira, a secretaria realiza os reparos necessários. A secretaria de Infraestrutura ainda afirma que, mesmo sem ter nenhum agente da Cedae no local, isso não significa que as obras foram concluídas. Em alguns casos, por exemplo, a empresa aguarda para saber se o reparo feito deu certo. É necessário aguardar o comunicado oficial da Cedae.
Quanto as melhorias nas ruas E11/12 e 13, a secretaria de Obras declarou que as ruas citadas serão contempladas e o processo está em fase final de licitação.
Já sobre a limpeza no bairro, diante da solicitação, a secretaria Adjunta de Serviços Públicos vai realizar, na próxima semana, uma ação de capina e roçada no bairro. Lembrando que os trabalhos dependem de um tempo estável e que a secretaria não é autorizada a entrar em terrenos particulares.
A Prefeitura orienta à população ou presidente da associação dos moradores a solicitar/reclamar na sede da secretaria (Barracão), localizado na Rua Marechal Rondon, 390, no bairro Miramar. Dessa forma, o cidadão estará colaborando com o poder público na manutenção diária do município.
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) também se pronunciou e disse que vai até o local na próxima semana realizar as ações necessárias, porém, lembra que o trabalho também é contínuo no município. Os trabalhos também dependem de um tempo estável.
Para solicitações, o CCZ fica na Rua Darcílio Possati, 134, Visconde de Araújo. O telefone é o 0800-0226461 (disque dengue). Contatos também podem ser feitos pelo e-mail cczmacae@yahoo.com.br.
F2: Obra irregular estaria causando dor de cabeça nos moradores da E-18
F3: Lixões se formam em terrenos baldios, situação que contribui com a proliferação do Aedes aegypti
F4 e F5: Ruas seguem aguardando pavimentação. Nem mesmo a manutenção básica vem sendo feita