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Marco histórico

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Apesar de “passar batido” por ordem e decreto do governo, o Dia da Consciência Negra possui significados emblemáticos e bastante profundos para a base da sociedade macaense, não aquela abastada pelo progresso do petróleo, mas para aqueles que ainda buscam na ancestralidade respostas sobre todas as agruras enfrentadas diariamente.

Da colonização baseada na composição de engenhos e na escravidão, seguindo para o processo de favelização impulsionado pelo crescimento desordenado, a cultura negra está presente na fala, na comida, na religiosidade e até mesmo nas características étnicas de muitos cidadãos que participam desta rotina atribulada de uma pequena cidade do interior.

Expoente da principal riqueza e vocação da cidade, o negro deixou de ser apenas uma cor e ganhou voz através das atividades inteligentemente orquestradas pela Lyra dos Conspiradores, símbolo maior da resistência, que já serviu de palco para ilustrar governos, especificamente o que está em vigor na cidade, e que teve a audácia de considerar 20 de Novembro como um dia normal, ou qualquer.

De Zumbi, seguem as tradições que permanecem vivas em Machadinha, distrito de Quissamã, que na época feudal também fazia parte da linha territorial de Macaé. Uma herança que não pode ser relegada, nem por questões geográficas, e muito menos por ações políticas.

Com diversos terreiros e assentamentos consolidados, as religiões de matrizes africanas são tão importantes e históricas que qualquer outro templo religioso que hoje se propaga pela fé, na crença de que dar é o caminho do receber.

E preservar essas tradições vale tanto quanto garantir que a sociedade se acostume com um feriado novo, a nível estadual, mas que possui um significado profundo e importante para diversos setores e realidades do município.

É preciso haver um amadurecimento dos agentes públicos e das instituições sociais para reconhecer que a identidade negra vai muito além da cor, mas sim de costumes, de aceitação, de respeito, de integridade e de responsabilidade pelo que é de todos: a identidade. E isso nada, nem a riqueza e nem a pobreza, conseguem mudar.

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