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Enterro de anão é dinheiro na mão!

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Neste 5 de maio, apresentamos texto de nosso querido Amigo Genial, Luiz Cláudio Bittencourt, o Dunga, para vocês mais um “causo”…

Hoje acordei com saudades da genial série do nosso querido Falabella – PÉ NA COVA! Uma das maravilhas em comédia que já acompanhei na TV Globo – salve o Russo e toda a sua equipe que tantas vezes me levaram a emoções espetaculares! Lindos diálogos!
Certa vez, um dos capítulos começou da seguinte maneira: O Juscelino acordou o Russo gritando o seguinte: – “Acorda Russo, acorda, temos um anão para ser enterrado!”. O Russo espantado perguntou o porquê da gritaria se o caixão seria até menor e mais barato!? O Juscelino disse: – “Enterro de anão é dinheiro na mão!”. Seria um sinal de sorte! E por aí continuou a história.

Algum tempo depois, faleceu a irmã de uma amiga muito querida e resolvi acompanhá-la, nesse triste dia, até onde seria realizado o funeral. Ela adorava essa irmã! E partimos para a cidade, próxima daqui de Macaé, onde aconteceria o enterro. Os últimos dias de vida da irmã foram muito difíceis e reinava uma grande tristeza no ambiente.

Lá pelas tantas, chegou a hora do sepultamento. Tudo arranjado, caixão no carrinho de encaminhamento, saímos pela porta em direção às sepulturas. No trajeto percebi que um outro sepultamento também se dirigia para lá. Um caixão pequenino e com poucas pessoas a acompanhá-lo. Comentei com um senhor, que seguia esse enterro, sobre a tristeza de se perder uma criança. Ele olhou para mim e disse que não se tratava de uma criança, o sepultamento era de uma pessoa anã. Não titubeei! Troquei de lado na hora! Lembrei-me da frase do Juscelino: – “Enterro de anão é dinheiro na mão!”. E segui aquele que, estando com menos pessoas a acompanhá-lo, precisava de gente! E confiei na palavra sorte!
Minha amiga, percebendo a troca de posição, pôs-se a me chamar como se eu estivesse enganado quanto ao grupo. Fiz cara de paisagem e segui até à sepultura onde seria enterrado o pequenino. E acreditando no Juscelino!

Pouco tempo depois retornei ao sepultamento da irmã da minha amiga. Perguntou-me se eu estava bem ou havia mesmo me enganado. Expliquei a verdadeira história, e fui advertido imediatamente quanto ao meu investimento na sorte. Se ela fosse maior um pouco teria me dado até um cascudo! Levei mais um ou dois carões e o sepultamento correu tranquilo. Mas eu sempre de olho no do lado de lá – acreditando no Juscelino!
Saímos do cemitério e a minha história foi sendo contada a outras pessoas. Alguns me criticavam com frases escritas com olhares, enquanto outros riam! E lá fui eu caminhando com os meus olhos presos ao chão, não queria enxergar ninguém! Mas eis que, quase chegando ao carro, lá estava ela! Linda e maravilhosa, vestida de azul e muito bem conservada, olhando diretamente para os meus olhos cabisbaixos! Uma nota de cem reais! No chão, ao lado de um canteiro! E ninguém a procurá-la! Um beijo para o Juscelino – foi a primeira coisa em que pensei!

Pedi a Deus para que fosse dado àquele pequeno ser, que estava sendo sepultado, o direito de ser recebido por entes queridos que já tivessem feito a grande travessia.
Quanto à irmã da minha amiga, que também era uma debochada, pedi que compreendesse essa minha atitude e me perdoasse. Acredito que perdoou, ela gostava de escutar as minhas histórias quando viva! E, se o espírito dela estivesse ainda presente por ali, estaria na turma do riso! E que fosse dado a ela o direito de ser recebida pela Dindinha Brasa, que era a grande protetora das duas irmãs em tempos de crise, no Norte Fluminense! E os cem reais viraram sanduíche de pão com linguiça!

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