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Bolsonaro é tema de 81% das ‘junk news’

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Por Beatriz Bulla, correspondente

Apoiadores do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, são os que compartilham maior número de fontes de informação falsa ou de baixa qualidade relacionada às eleições no Twitter, rede social em que ele tem o maior engajamento político. Do outro lado, os apoiadores da candidatura do PT são os que publicam maior volume de informação falsa, ainda que concentrada em menor quantidade de fontes.

Essas são as conclusões de um estudo do Instituto para Internet de Oxford, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, que será divulgado nesta sexta-feira. A pesquisa analisa o compartilhamento de notícias de conteúdo político no Twitter no cenário pré-eleitoral brasileiro.

Os pesquisadores analisaram as “junk news”, ou notícia de baixa qualidade. Isso inclui não só notícias falsas mas também publicações excessivamente polarizadas com intuito de confundir o leitor sem indicar, por exemplo, a autoria ou o corpo editorial da plataforma de publicação.

Do total do espectro de fontes de “junk news” monitorado, 81% são compartilhadas por apoiadores de Bolsonaro. Atrás vêm os apoiadores da candidatura do PT, que usaram 54% das fontes, de Geraldo Alckmin (24%), do PSDB, e Ciro Gomes (8%), do PDT.

Com relação ao volume de compartilhamento, os apoiadores do PT saem na frente respondendo por 65% do total do conteúdo de baixa qualidade. Em seguida estão os apoiadores de Bolsonaro, com 27%. Na pesquisa, hashtags ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao candidato Fernando Haddad são contabilizadas como apoiadores do PT, pois a análise foi feita antes da negativa final do registro de Lula como candidato e oficialização de Haddad na cabeça da chapa.

“De um lado, apoiadores do PT estão martelando mais vezes as mesmas fontes. Do outro, apoiadores do Bolsonaro compartilham notícias falsas em maior amplitude e replicam quase todas as fontes identificadas como falsas”, afirmou um dos autores do estudo, Caio Machado. A pesquisa analisou tuítes com hashtags vinculadas às eleições entre 19 e 28 de agosto.

“O conteúdo polarizado baseado na retórica extremada e populista se tornou uma receita de sucesso nas eleições da Europa, Estados Unidos e América Latina. Esse tipo de notícia de baixa qualidade se espalha rapidamente na rede social, não necessariamente pela atividade de robôs, mas porque é produzida para causa reações emocionais no público – como raiva – o que causa maior compartilhamento”, disse uma das autoras do estudo, Nahema Marchal.

No total de publicações no Twitter, o PT reúne a maior parcela de tuítes de alta frequência (47% do total). As contas de alta frequência, com muitas publicações ao dia, são consideradas um indício de uso de robôs para amplificar o conteúdo. “Apesar de ter mais contas de alta frequência no lado Lula e Haddad, quem está conseguindo capturar a discussão no Twitter é o Bolsonaro”, diz Machado. As publicações relacionadas ao candidato responderam por 45% do total de publicações políticas no período analisado, perdendo para todos os demais: Lula/Haddad (34%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.