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Teatro dos vampiros

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Tão atual como o cenário de há quase 30 anos, as letras escritas pelo poeta, instrumentista e cantor Renato Russo, que ajudaram a expor o clima político vivido pelo Brasil na época, é o momento em que o país volta a discutir o seu futuro.

Nos dias em que todos se perguntam “Que país é esse”, onde políticos presos bagunçam o jogo eleitoral, em que as investidas da Justiça desmascaram esquemas de corrupção e que a ideologia distorcida sobre valores, moralidades e éticas surfam em meio ao clima de comoção e insatisfação nacional, a sociedade busca alternativas de superar as adversidades que põem em xeque o futuro da nação.

No entanto, não é esta a música que supera o tempo e a cronologia dos fatos, que embalam a adolescência de tantos jovens brasileiros, que mais representa o atual cenário eleitoral.

O “Teatro dos Vampiros” ajuda a ilustrar o quanto reduzido de ideias e de projetos, está a briga pela sucessão de um governo federal ilegítimo aos olhos das urnas.

E apesar de fazer referência aos seres “sanguessugas”, que se alimentam do sangue e da vitalidade dos humanos, a letra escrita há três décadas por Renato Russo mais parece o drama encarado pela maioria dos brasileiros, que enfrentam o desemprego, a falta de oportunidade e a instabilidade financeira, que eleva os índices de depressão e de suicídios que ajudam a ilustrar a campanha do Setembro Amarelo.

Escrito por Renato, o trecho “Voltamos a viver como há 10 anos atrás, e a cada hora que passa envelhecemos 10 semanas”, representa o como o tempo se retarda diante dos discursos vazios, sem propósitos e sem argumentos, entoados por grande parte dos candidatos que almejam reconduzir o país ao “rumo certo”.

Sem entender qual o sentido do atual pleito, grande parte da sociedade brasileira, e não diferente a de Macaé, não tem o interesse de comparecer nas urnas no dia 7 de outubro, o que reduz ainda mais as chances do Brasil encontrar um caminho diferente ao que parece já estar traçado.

Se o retrocesso é tão grande aos olhos do povo, capaz de tornar uma música escrita há 30 anos tão atual, algo está bastante errado. E independente de quem errou ou de quem falhou, o povo brasileiro precisa acertar, para que verdadeiros dias melhores aconteçam.