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Projeto da UFMG reduz regiões de risco para doenças e aumenta taxa de vacinação

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80% dos municípios mineiros apresentavam risco alto ou muito alto para transmissão de doenças preveníveis por vacinas; ação da UFMG conseguiu reduzir número para 68%

Um projeto para estimular a vacinação, desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, tem conseguido melhorar os índices em municípios críticos de oito regiões mineiras. Dados preliminares mostram que, em um ano, a taxa de regiões com risco alto ou muito alto para doenças que podem ser prevenidas pela imunização passou de 80,6% para 68,4%. Já nas áreas de muito baixo risco os índices de vacinação aumentaram de 8% para 14,6%.

As áreas mais vulneráveis foram selecionadas a partir de dados de um estudo anterior, que mapeou a cobertura vacinal em todo o estado. Segundo os autores, muitas vezes esses bolsões com baixas coberturas ficam ocultados pelo indicador geral.

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Para alcançar esses resultados, a estratégia leva em conta informações sobre a realidade específica de cada local. Existem diversos fatores que podem levar à queda na vacinação, desde estruturais – como a dificuldade de acesso ao local, a falta de equipamentos, de internet e de computadores para o registro das doses e a busca por faltosos – até questões culturais, como os movimentos antivacina e a propagação de informações incorretas.

“É preciso conhecer a população e sensibilizar a equipe para adaptar a estratégia à realidade do município”, diz Thales Philipe Rodrigues da Silva, do programa de pós-graduação em Enfermagem da UFMG e um dos responsáveis pelo projeto. 

Por meio de discussões, oficinas e parcerias com o poder público, a equipe traça um plano de intervenção para cada localidade, que pode incluir desde capacitação do corpo técnico, busca ativa dos faltosos e até atividades de conscientização da população, que conta inclusive com o apoio de pessoas-chave na comunidade, como educadores e religiosos. 

“Costumamos dizer que o que tem em Minas Gerais tem no Brasil, pois temos uma realidade muito diversa, com municípios grandes e pequenos, ricos e pobres, que, de certa forma, refletem o que acontece no país”, afirma Rodrigues da Silva. Para ampliar esse debate, o grupo está organizando um Congresso em Defesa da Vacinação, que deve acontecer no campus da UFMG entre 21 e 22 de novembro. 

Cobertura vacinal infantil

O projeto teve início após um estudo apontar a queda na cobertura vacinal no estado em crianças menores de um ano, durante os anos de 2015 a 2020, para imunizantes como BCG, pneumocócica, meningite C e contra a poliomielite. Os autores detectaram que em oito regiões havia uma tendência decrescente, especialmente preocupante, que incluía as taxas da vacina pentavalente. Isso deixava a população suscetível a cinco doenças graves: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecção pela bactéria Haemophilus influenzae do tipo B, que afeta meninges e garganta.

Uma continuação da pesquisa, realizada em 2022 em todos os 853 municípios mineiros, revelou que 80% deles – incluindo todos os de grande porte – apresentavam risco alto ou muito alto para a transmissão de doenças imunopreveníveis.

“Percebemos que identificar regiões com alto risco dessa transmissão pode ser uma estratégia adicional para definir prioridades para intervenção e elaboração de políticas públicas”, diz o especialista. 

Queda na cobertura vacinal

Desde 1973, o Brasil conta com o Programa Nacional de Imunização (PNI), o que levou à redução da incidência de doenças e mortes, além de ter ajudado a erradicar algumas doenças, como o sarampo e a poliomielite.

No entanto, a cobertura vacinal no país vem diminuindo nos últimos anos, comprometendo a meta de 95%, que é o índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir a erradicação ou controle das doenças. Em 2019, o Brasil perdeu o selo de país livre de sarampo.

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