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Política industrial, sim. Aumento de imposto, não

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Nova política industrial pretende unir ganhos em produtividade, inovação e sustentabilidade;

Sucesso depende de melhorias no ambiente de negócios, com redução da burocracia e sistema tributário mais simples.
As diretrizes da Nova Indústria Brasil, anunciadas em janeiro pelo governo Lula, eram ansiosamente aguardadas pelo setor produtivo. O plano promete estimular o desenvolvimento do nosso parque industrial, melhorar a sua competitividade, reposicionar o País no mercado global, gerar empregos e dar direção aos investimentos públicos. Não há como ser contrário a uma política que coloca novamente a indústria como protagonista do crescimento nacional, desde que não redunde no aumento da carga tributária a fim de viabilizá-la. Já vimos esse filme. O final não é feliz.

Até 2026, segundo o plano, serão destinados R$ 300 bilhões para financiamento, geridos pelo BNDES, pela Embrapii e pela Finep. Segundo o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, “esta política representa uma visão de futuro, uma declaração de confiança em nossa capacidade de competir e liderar áreas estratégicas diante do mundo”. As palavras de Alckmin soam como música ao ouvido de qualquer empresário ou investidor.

A nova política industrial pretende unir ganhos em produtividade, inovação e sustentabilidade. Esses já são os pilares da EMS, empresa farmacêutica líder no mercado nacional. Temos o maior e mais moderno Centro de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) da América Latina, reunindo mais de 500 pesquisadores. Os empresários brasileiros estão cientes de que sem inovação e tecnologia, não há progresso.

Mas para que a política industrial deixe de ser apenas um bom plano aspiracional, é preciso capital. E é necessário deixar claro de onde virá o dinheiro. Se, de um lado, o governo parece genuinamente disposto a reverter a desindustrialização precoce do Brasil, de outro vem flertando com o aumento de tributos, materializado, por exemplo, no fim da desoneração da folha de pagamento, que vai pesar sobre um sem número de setores produtivos, se aprovada.

É preciso dar as condições para que a indústria nacional seja ainda mais pujante. Os desafios são grandes

O cenário externo é adverso e, por aqui, o famigerado Custo Brasil chega a R$ 1,7 trilhão por ano, segundo estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC), em parceria com o MDIC. Apesar da recente queda, a nossa taxa de juros é uma das mais altas do mundo. É preciso dar as condições para que a indústria nacional seja ainda mais pujante. Os desafios são grandes. Uma das metas do plano estabelece que 90% das empresas sejam digitalizadas. Hoje, apenas 23,5% são.

No passado, a indústria brasileira representava 40% do Produto Interno Bruto (PIB), hoje contribui com 26% dele, de acordo com dados das Contas Nacionais revisados pelo IBGE. Mesmo com todos os desafios que vem enfrentando nos últimos anos, o setor produtivo é responsável por 69,3% das exportações de bens e serviços, 66% dos investimentos em pesquisa e quase 38% da arrecadação de tributos federais.

Até 2026, segundo o plano, serão destinados R$ 300 bilhões para financiamento

Os números mostram que a indústria tem peso e relevância na nossa economia. É estratégica e merece ter uma política industrial digna do nome. As grandes economias que prosperaram no século 20, como a norte-americana, e, mais recentemente, como a Coreia do Sul, entre outros países, contaram com planos indutores de crescimento, como o previsto nas diretrizes da Nova Indústria Brasil: linhas especiais de crédito, recursos não-reembolsáveis, ações regulatórias e de propriedade intelectual, um arcabouço de novas políticas, entre elas a do mercado regulado de carbono, e fomento por meio de compras públicas.

Atrair o investimento privado e o capital estrangeiro são também essenciais para dar novo fôlego à nossa industria. Nesse caso, a atuação do governo passa por melhorar o ambiente de negócios, diminuindo a burocracia e oferecendo um sistema tributário mais simples, eficiente e menos oneroso. Se conciliar essas reivindicações históricas do setor produtivo entre as suas diretrizes, a Nova Indústria Brasil tem tudo para dar certo.

Por Carlos Sanchez, presidente do Grupo NC

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