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Moradores relatam abandono do poder público no Jardim Vitória

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Essa semana, depois da nossa visita, moradores instalaram faixas protestando contra o abandono do bairro

Segundo eles, alto valor pago em impostos não é revertido em melhorias. Essa semana, um grupo colocou faixas se manifestando

Ao longo de toda trajetória de “Bairros em Debate”, o Jardim Vitória (I e II) foi, sem dúvida, uma das localidades mais visitadas pela nossa equipe de reportagem. Somente esse ano, essa é a nossa terceira reportagem no local, apenas três meses após a última visita, que ocorreu em agosto.

O que chama atenção dos nossos repórteres é que os mesmos problemas são sempre relatados pela população, muitos deles cobrados não há três, seis meses, mas sim, há anos. O tempo passa, promessas são feitas e solução que é bom, nada.

Muitos desses problemas poderiam ser resolvidos de imediato. Se para quem nunca esteve no bairro isso gera indignação, para quem mora ali e paga o alto valor cobrado anualmente pelo I.P.T.U. fica ainda mais inconformado.

Tamanho estado de abandono, os moradores, mais uma vez, questionam o poder público onde o dinheiro pago em impostos é usado, uma vez que as melhorias raramente chegam até a área, considerada nobre.

 

Manutenção das ruas

“Bem-vindo à lua. Aqui só tem cratera! Adote um buraco! Prefeitura ausente”. “Cuidado! Asfalto novo! Não achou? Nem eu!”. Essas são algumas frases de recepção que as pessoas encontram ao chegar ao bairro. Essa semana, moradores colocaram faixas como forma de manifesto contra o abandono no Jardim Vitória.

Nas redes sociais, um morador fez um desabafo:

“Cansados com o descaso do poder público com a manutenção do bairro, moradores do Jardim Vitória uniram forças e criaram faixas para lembrar a prefeitura que estão sofrendo com os buracos cada vez maiores nas ruas. Praticamente todas as avenidas principais e ruas secundárias estão cheias de problemas. Os carros quase batem uns nos outros para desviarem das crateras espalhadas. Vários moradores relataram casos de quedas de pessoas devido aos buracos, com torções de tornozelos e outras feridas como consequência dos acidentes. O que o poder público precisa compreender é que a pavimentação executada no bairro quando ainda era loteamento foi feita pelo loteador com um material de péssima qualidade. Não deveria nem ter sido aprovado. Muito importante considerar que as vias se tornaram rotas para pessoas de outros bairros. Centenas de veículos circulam por ali todos os dias. O que nós desejamos não é um simples tapa-buraco, mas sim que a nossa real necessidade seja suprida, que é um novo asfaltamento digno e decente, além de ressaltar a necessidade de um bom sistema de drenagem, pois não adianta asfalto novo sem isso. Vão esperar acontecer um acidente mais grave para tomar uma atitude?”, questionam.

Moradores relatam que a falta de manutenção das ruas é um dos principais problemas hoje

A falta de manutenção nas ruas pode ser considerada a maior prioridade hoje, segundo relatam alguns moradores. “Isso é uma novela sem fim. A prefeitura nos últimos meses chegou a fazer aquele belo serviço dela de ‘tapa-buraco’, mas sabemos que aquilo só resolve o problema de imediato. Cansamos de cobrar o recapeamento das ruas, mas nada. Fizeram no Novo Horizonte, Cavaleiros, Riviera, mas aqui isso nunca chega”, diz Silvio.
Mas se está ruim onde recebeu o serviço, trechos “esquecidos” pelo poder público estão ainda piores. Na região próxima ao ponto final do ônibus o asfalto nem existe mais. “Tem lugares no bairro que eu nem circulo mais. Se chover então, é aí mesmo que evito”, ressalta.

 

Lixões ainda são realidade

Por muito tempo o Jardim Vitória era conhecido como o lixão de Macaé. Isso porque uma enorme área na parte II do loteamento foi transformada em um ponto clandestino de descarte de tudo que se possa imaginar. Desde lixo doméstico, a entulhos, móveis velhos, resíduos de empresas, carros abandonados e até mesmo animais mortos.
Em alguns momentos, o local chegou a ser cercado com o objetivo de coibir a prática ilegal, mas nem mesmo isso surtiu efeito por muito tempo.

Lixões ainda se espalham pelos terrenos baldios no Jardim Vitória

Da última visita, há três meses, até agora, a situação foi amenizada. No entanto, ainda é possível encontrar terrenos baldios com lixo acumulado. “Não só no lixão, mas pelo bairro você encontra isso. Acham que nosso bairro é ponto de descarte. Minha casa vive dando rato, barata e até cobra. Algumas pessoas ainda ateiam fogo nos entulhos, gerando uma fumaça tóxica. Minha filha tem dois anos e sofre muito. Tenho que trancar a casa”, reclama o morador.

Uma moradora, que vive a poucos metros do local, chegou a sugerir há alguns meses que o ideal seria isolar novamente a área. “Infelizmente em Macaé as coisas acontecem impunemente. Não basta apenas a prefeitura vir e limpar, ela precisa ser mais rigorosa quanto a lei municipal que se refere ao descarte irregular. As pessoas só vão passar a respeitar quando doer no bolso delas. Enquanto isso, a gente sugere que o acesso ao local seja interditado novamente”, enfatiza ela, que pediu sigilo do nome.

Moradores cobram cobertura em pontos

Na teoria, utilizar o transporte público traz benefícios para o meio ambiente e melhora a questão da mobilidade urbana, uma vez que há redução de veículos nas ruas da cidade. Mas na prática, a falta de infraestrutura ainda deixa muitos cidadãos insatisfeitos.
Quem depende desse meio para se locomover pela cidade diz que os transtornos muitas vezes começam bem antes de pegar o ônibus.

A falta de pontos de ônibus adequados vem sendo alvo de reclamações dos cidadãos não é de hoje. Enquanto a prefeitura desperdiça dinheiro em “terminais integrados”, na Praça Veríssimo de Melo, no Centro, que não tem muita funcionalidade para os cidadãos, em outros bairros a população não conta nem com o básico de infraestrutura.
Isso tem acontecido no Jardim Vitória. Um dos locais fica na Rua Athos Duboc. “As pessoas ficam 30, 40 minutos debaixo de sol e chuva, porque não tem um local adequado para aguardar o ônibus. Já pedimos isso várias vezes, mas não atendem a gente não sei por quê”, questiona Silvio.

Em outubro de 2017, a prefeitura disse que a secretaria de Mobilidade Urbana estaria realizando um levantamento para a compra de 100 abrigos, que seriam instalados por toda cidade, inclusive, no local em questão. Até o momento, o bairro não foi contemplado.

Loteamentos não contam com áreas de lazer

Quando se trata de lazer, que é um direito de cada cidadão, os loteamentos Jardim Vitória I e II deixam muito a desejar. A população ressalta a inexistência de praças. Enquanto isso, crianças e jovens brincam pelas ruas, situação que pode ser perigosa, dependendo do lugar.

Em 2015, a prefeitura disse que ainda estava fazendo um levantamento das demandas em toda a cidade. Quando o estudo fosse finalizado e os processos licitatórios concluídos, as obras começariam a ser feitas, beneficiando diversas áreas do município, inclusive o Jardim Vitória. Passou o tempo e a promessa não foi cumprida.

Já em 2016 ela ressaltou que a secretaria de Obras não tinha ainda um projeto para construção de uma área de lazer no bairro.

O que diz a prefeitura

Procurada, a prefeitura informou que a previsão é que o serviço de tapa-buracos no bairro seja realizado na próxima semana. A secretaria de Infraestrutura informou que as ações de limpeza já estão no cronograma. Cabe destacar que áreas particulares devem ser mantidas pelos proprietários.

Quanto a demanda dos pontos de ônibus, o problema foi encaminhado para a secretaria de Mobilidade Urbana.

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