Minha avó Noêmia

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CIGARRAS MACAÉ – Neste 08 de setembro apresentamos mais um conto de nosso Amigo Genial, Dunga, Luiz Cláudio Bittencourt, que como sempre nos alegra e nos faz voar pelas asas do tempo de uma Macaé que não volta mais

MINHA AVÓ NOÊMIA
Luiz Cláudio Bittencourt

Hoje acordei ouvindo uma voz que me perguntava o seguinte: “Você quer sonho ou paco-paco?” Era exatamente a voz da minha querida avó Noêmia a me oferecer carinho em forma de sabores. Eu não sabia de onde vinha aquela voz, imagino que tenha sido de um daqueles sonhos que nascem dos travesseiros! Mas, os sonhos que a minha avó me oferecia, eram daqueles envolvidos por açúcar e canela, que eu nunca encontrei em nenhuma vitrine de doces. Maravilhosos, de tão simples que eram, e bordados de amor para o seu netinho querido. E o paco-paco é cultural em minha casa até hoje – clara de ovo batida, a gema, açúcar, farinha de mandioca e canela.

A minha avó Noêmia era uma pessoa especial! Católica fervorosa, sempre coerente com a sua religião e seus princípios, que cobrou de mim uma Primeira Comunhão, o que realizei com o coração feliz junto a um tanto de outros moleques. Meu avô – Waldemiro Bittencourt – era espírita atuante na cidade de Macaé, junto com tantos outros que também seguiam a doutrina que Kardec compilou. Por mais que o meu avô tentasse trazê-la para o espiritismo, não conseguia! Ela seguia firme e fielmente a doutrina que o seu coração escolheu.

Por familiares que já se foram, soube que, quando a minha avó estava presente às missas, o padre combatia a doutrina espírita sempre com os olhos colados nela! Ele sabia que ela era a esposa de Waldemiro Bittencourt! E nem por isso ela jamais deixou de ir a uma missa, sabia bem que a interpretação da fé não estava nas mãos de equivocados homens que representavam Deus, e sim nas mãos do próprio Deus! E, a esse Deus e a doutrina passada por sua mãe Izabel Joaquina, ela seguiu até os últimos dias de sua vida.

Da minha tenra infância, lembro-me dela sentada em sua máquina de costura a fazer saquinhos de areia para que eu os colocasse em meus pequenos caminhões de brinquedo. E lá ia eu distribuindo arroz, feijão, farinha e mais um tanto de coisas. Isso era puro carinho de avó!

Através do meu avô, tomei conhecimento da doutrina de Kardec e a coloquei em meu coração. Felizes somos nós que vivemos em um país onde todos têm o direito de escolher por quais caminhos seguir em termos religiosos. Sou atuante e pretendo continuar assim. É o buril com o qual trabalho a minha alma, a mais difícil escultura que um artista poderá ousar!

Que casal querido por muitos eram os meus avós! E que vizinhos queridos moravam naquela Rua Marechal Deodoro! Ali eu cresci. E vi e senti como era especial aquele trecho de rua. Lembro-me de quando eu voltava à tarde do Colégio Luiz Reid. Da mesa com que a minha avó me esperava para o café – bisnaga de pão torradinha e da Padaria Lima! Tenho muitas saudades da copa daquela casa e desse especial café. Eu já estava com os meus 12 anos.

Fui um privilegiado em termos de avós! Todos ótimos! Conheci e convivi com todos eles, inclusive a vovó Maria que era mãe do meu avô Waldemiro. Eu tenho dois ramos de Bittencourt, um do pessoal de Campos e o outro de Macaé. Poderiam ter me dado a alegria de usar os dois!

cigarrasmacae@gmail.com <mailto:cigarrasmacae@gmail.com>
Aurora Ribeiro Pacheco

Lembrete – Vem aí a XVII Expo-Flores de Macaé, promovida pelo Lions clube Macaé com apoio da Prefeitura Municipal de Macaé, inicio 20/09 término 29/09, de 10h às 20h, na Praça Veríssimo de Melo-Centro -Macaé, a renda é para os serviços sociais do LC Macaé junto as comunidades carentes de Macaé.