Militarismo

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Se na campanha para a presidência, o militarismo foi apresentado como uma nova versão de uma forte intervenção das Forças Armadas na política, o que deu início ao triste episódio da Ditadura, hoje, ao apresentar a composição do seu novo governo, Jair Bolsonaro (PSL) indica que a ordem vai ser instaurada em Brasília.

De forma surpreendente, generais do Exército irão ocupar cadeiras estratégicas da futura gestão do país, vagas que pouco possuem relação com o perfil engessado e rígido que pauta a disciplina militar.

Nas relações do governo com o Congresso, passando pela comunicação, o militarismo do futuro governo Bolsonaro tem uma relação maior com o combate aos esquemas que por anos tomaram conta dos corredores do Planalto Central.

Ao fechar qualquer tipo de oportunidade de negociatas, o futuro presidente dá à população as verdadeiras respostas cobradas nas urnas, algo que apesar de ser adequado, pode não contribuir muito com uma gestão eficiente.

Política é política! A arte do diálogo e do entendimento não pode ser substituída por uma soberba que até é aceitável ao início de um governo que rompeu com um ciclo político de quase 20 anos, que afundou o país em crises e incertezas.

Mas, fechar as portas para o diálogo com a oposição e crucificar qualquer agente público que pense diferente da linha da extrema direita não será o caminho ideal para reconstruir o país.
O Brasil precisa hoje de união de todas e mais diferentes vertentes políticas legítimas da democracia. Ampliar ainda mais a polarização, não vai gerar bons frutos.

Passado os ânimos da eleição, o que se espera do novo governo é discernimento, para realmente acabar com os esquemas de corrupção, reconstruir a imagem do Brasil mundo afora e permitir que a diversidade de ideias e de pensamentos seja a pauta de um futuro sadio.

Não que seja ruim ter a ordem e a disciplina como estratégias de um governo austero. Mas é preciso muito mais que isso para o país voltar a sorrir.

E que nesta reta final da transição, o futuro Governo não esqueça da flexibilização necessária para se governar um país tão diverso como o Brasil, que depende da força de todos, tanto de quem votou em Bolsonaro, quanto daqueles que marcharam contra.

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