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Lula defende “governança global” da ONU e “pedágio” a países ricos: “A gente precisa ter um governante mundial”

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A declaração foi dada durante a live semanal transmitida de Joanesburgo, na África do Sul, onde Lula participa da Cúpula dos Brics até quinta (24)

Na manhã desta terça-feira (22), foi defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que uma espécie de “governança global” seja estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o propósito de forçar os países signatários a cumprir as decisões de preservação do meio ambiente que foram tomadas em cúpulas multilaterais. Essa declaração foi proferida durante a transmissão da sua live semanal realizada em Joanesburgo, África do Sul, onde a Cúpula dos Brics está em curso até quinta-feira (24).

Segundo Lula, muitas decisões que foram tomadas em reuniões anteriores durante cúpulas climáticas, como Kyoto e Paris, não foram aplicadas pelos países devido à ausência de regulamentações internas. Na visão do líder petista, é imperativo que a ONU seja dotada da autoridade para garantir a execução dessas decisões.

Para ele, “a questão climática não será resolvida se a ONU não possuir um poder de governança global. Portanto, é necessário estabelecer uma governança mundial que, em determinados cenários e contextos, tome decisões vinculativas que devem ser obrigatoriamente cumpridas. Por exemplo, o Acordo de Paris e o Protocolo de Kyoto não estão sendo respeitados. Assim, devemos estabelecer diretrizes para que nossas reuniões tenham efetividade”, afirmou.

O pedido por uma governança global não é recente e já havia sido mencionado por Lula em fevereiro durante um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Na ocasião, ele mencionou a criação de um movimento para compelir outros países, congressos e empresários a acatarem as decisões de órgãos globais relacionadas ao combate às mudanças climáticas.

Lula também justificou essa medida como uma forma de “reparação” por parte dos países ricos que se industrializaram durante a Revolução Industrial e, consequentemente, contribuíram para as mudanças climáticas que ocorrem desde então. Ele argumenta que a riqueza dos países desenvolvidos é resultado da industrialização, algo que os países emergentes não puderam usufruir, mantendo assim suas florestas intocadas.

“Os países industrializados, há mais de dois séculos, obtiveram grandes lucros e foram responsáveis pela devastação de quase todas as florestas existentes. É justo que eles paguem por esse passado”, ressaltou Lula, enfatizando a importância de conciliar a preservação ambiental com o desenvolvimento das comunidades que dependem das florestas.

Esse discurso ecoa o que Lula já havia expressado em outras entrevistas, nas quais enfatiza a necessidade de uma contribuição mais significativa dos países ricos na preservação ambiental das florestas tropicais remanescentes ao redor do mundo.

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