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Inteligência artificial, a nova revolução dos negócios

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Os superlativos não foram poupados para definir a importância da inteligência artificial (IA) no Fórum Econômico Mundial de 2024, em Davos, na Suíça. O jornal Financial Times afirmou que “a inteligência artificial dominou as conversas”. Arati Prabhakar, diretor do Gabinete de Política Tecnológica da Casa Branca, disse que a IA “é a tecnologia mais poderosa do nosso tempo”. Para a agência de notícias Reuters, o tema criou “um burburinho em Davos”. E o francês Le Monde disse que a IA é “a nova religião dos negócios” e o fundador do ChatGPT, Sam Altman, “o messias do fórum”.

Foi o único assunto capaz de disputar a atenção da elite global com os conflitos em Gaza, na Ucrânia e as eleições americanas

Entre as dezenas de debates sobre o tema, o mais comentado foi o encontro entre Sam Altman e o diretor-executivo da Microsoft, Satya Nadella. Altman definiu a relação entre eles como o “melhor bromance da tecnologia”. Nadella correspondeu e concordou com Altman em quase tudo. Entre os ganhadores e perdedores da corrida pela nova tecnologia, a Microsoft é provavelmente o maior vencedor. A parceria com a OpenAI, dona do ChatGPT, catapultou a empresa e levou a Microsoft a se tornar a companhia mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 2,89 trilhões, ultrapassando a Apple.

Mas houve uma discordância sutil entre o par romântico. Nadella enfatizou um olhar 100% positivo sobre a IA, dizendo que o mundo está prestes a alcançar “um momento mágico”, semelhante às mudanças provocadas pelo computador pessoal. Já Altman foi mais cauteloso e lembrou que a IA pode ter um poder cognitivo maior do que qualquer ser humano e que “nós não fazemos ideia do que vem a seguir”.

Alguns exemplos ruins já surgiram, como o software que recusou candidatos a empregos acima de uma certa idade, ou o chatbot que produziu posts racistas, além dos inúmeros processos de direitos autorais.

A irresistível promessa da produtividade
Mas o que leva a empolgação com a IA a superar qualquer presságio pessimista é um ponto-chave: o ganho de produtividade. E não há promessa mais sedutora para um líder empresarial.

Dois dados da IBM foram amplamente repetidos nos Alpes suíços:

os negócios podem faturar US$ 10 trilhões na próxima década com o aumento de produtividade trazido pela IA;
73% das empresas já estão explorando ativamente a tecnologia em seus negócios, segundo o índice de adoção de IA de 2023 da IBM e da Morning Consult.
O chefe de tecnologia da Casa Branca disse que as soluções para praticamente todos os grandes desafios do mundo passam pela IA. “Se pensarmos no trabalho que temos pela frente — lidar com a crise climática, melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas, garantir que os nossos filhos sejam educados e que as pessoas nas suas carreiras possam treinar para adquirir novas competências, é difícil ver como faremos isso sem o poder da IA”, disse Arati Prabhakar.

O grande desafio é como transformar a tecnologia em fonte de receita, o famoso “como monetizar”. Algumas ideias começam a aparecer.

Para a Reuters, o CEO do BLP Group, uma importante operadora eólica e solar na Índia, disse que está incorporando a tecnologia de chat de IA para uso interno para escrever bem em inglês, não para conteúdo.

Cohere, uma startup de IA de alto nível focada em empresas, vê a ajuda aos vendedores como um caminho de receita. A ideia seria usar a ferramenta para trazer mais divulgação, acompanhamento e automatizar processos, para tornar as equipes de vendas mais produtivas.

A importância de governos acompanharem o movimento
Além de adaptar os negócios à inteligência artificial, também se falou muito em Davos sobre como adaptar a sociedade à nova tecnologia.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou na véspera do evento um estudo que mostra que quatro em cada dez empregos no mundo estão ameaçados pela IA. A diretora do fundo, Kristalina Georgieva, pediu que os governos sejam proativos e estabeleçam redes de segurança social e programas de reciclagem para conter o impacto da IA. Caso contrário, a tecnologia vai elevar a desigualdade e as tensões sociais no mundo, segundo Georgieva.

O primeiro-ministro Li Qiang, da China, afirmou em Davos que a IA deve servir o bem comum, mas deve ser governada de forma adequada, porque “representa riscos à segurança e à ética”. Líderes europeus e dos Estados Unidos têm discutido regulamentos sobre IA há anos e falaram amplamente sobre seus esforços.

CEOs explicam que o verdadeiro desafio não é a substituição de empregos por máquinas, mas por pessoas que saibam usar a IA.

Em meio à tanta discussão, um dado é certo: ainda existem tantas perguntas quanto respostas. E ignorar o tema, seja na política ou nos negócios, não está entre as alternativas corretas.

Por Priscila Yazbek

Correspondente internacional da CNN Brasil em Paris. Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem pelas principais empresas de comunicação e do mercado financeiro do país, como CNN, XP Inc., Globo e Abril. Profissional com experiência em mídia digital, impressa e televisão

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