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História que arde e queima

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O triste fim do acervo de 20 milhões de itens do Museu Nacional, consumido pelo fogo, é o retrato da preservação da identidade e da cultura, não apenas da nação, mas de grande parte dos municípios brasileiros que, mesmo abundante em recursos, são escassos em respeitar a memória e o patrimônio que ajudam a contar os anos de lutas e de glórias do passado.

Dos fósseis pré-históricos e de parte dos ossos de Luzia, a primeira habitante das Américas, as chamas destruíram o que ainda restavam do resquício de um modelo de sociedade que, mesmo diante do caos, ainda era capaz de respeitar o próximo, os princípios e a ética.

De Dom Pedro II ao quadros da arte modernista, o Museu Nacional representa todas as referências de que o passado não era mero acervo dedicado a pesquisas, mas sim a memórias que ajudariam a traduzir tantos descaminhos encarados hoje pelo Brasil.

Os culpados pelas chamas são muitos. E o que mais ardeu, não apenas a queima dos milhões de itens, foi o ódio e a revolta diante de uma tragédia anunciada há tempos, ignorada por gestores públicos preocupados com a corrupção.

Em curto espaço de tempo, fatos relevantes sobre o modelo de incentivo à cultura nacional, baseado na Lei Rouanet, pipocaram nas redes sociais e demonstraram o que há tempos já deveria ter sido feito. A sociedade também tem a sua parcela de culpa, por não forçar mudanças significativas na preservação do seu próprio passado.

Em escala menor, mas não menos relevante, a cultura dos municípios do interior do Estado, em especial de Macaé, também definha diante da falta de interesse dos gestores em garantir o acesso ao passado, especialmente entre os cidadãos que representam o futuro.

Do Palácio do Urubu ao próprio acervo dos 42 anos de publicações de O DEBATE, a história macaense é capaz de ser contada, não apenas pela boca de cidadãos mais antigos, mas sim através da arquitetura de prédios que vão sendo derrubados pelo progresso voraz do petróleo.

O Museu do Petróleo, o monumento a Mota Coqueiro e a preservação da casa do Professor Tonito, nada foram realizadas nem financiados pelo ápice do progresso do petróleo, que rendeu em 10 anos mais de R$ 8 bilhões de receitas que, assim como o passado, se deterioraram sem que as verdadeiras transformações sociais e culturais fossem realizadas, pelo bem da própria sociedade.

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