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Gestões interrompidas e seus efeitos – Parte II

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O alto custo de se organizar uma rede de saúde de ponta, os problemas das transferências de recursos da União para os estados e dali para os municípios, além das dívidas crescentes desses entes com a União ajudam a profundar os problemas em âmbito local. Segundo uma pesquisa do IBGE feita em 2015, 52,9% dos cidadãos precisam fazer exames da atenção básica em cidades vizinhas. No que se refere às internações, 59,9% dos municípios precisaram enviar usuários do serviço para outra cidade no ano anterior.

Falta de infraestrutura, servidores pouco preparados para o atendimento, gestores locais de baixa capacitação (escolhidos somente por critérios políticos) e ausência de soluções de TI em saúde para reduzir custos: tudo isso contribui para compor esse cenário nada favorável.
Mas por onde começar a transformar esse contexto? “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim”: a frase de Chico Xavier cabe perfeitamente no que estamos vivenciando. Desde a posse do Prefeito atual, no ano de 2013, tivemos 5 substituições e o 6º tem uma tarefa árdua na execução das tarefas nada fáceis da Secretaria de Saúde:

Dr. Flávio dos Santos Antunes, foi o primeiro a ocupar a pasta e permaneceu por aproximadamente 18 meses; Dr. Pedro Reis, foi o segundo a ocupar a pasta e permaneceu por aproximadamente 30 meses, o terceiro no cargo foi o próprio prefeito Dr. Aluízio, que passou a pasta após 6 meses a sua posse a Servidora Edelzita Alves Lisboa, onde permaneceu por aproximadamente 11 meses, assumindo, após a sua saída, o Advogado Municipal Gustavo Silva Gusmão dos Santos, que pediu o seu afastamento um pouco após ter completado 3 meses no cargo. Atualmente, o Controlador Geral do Município Luis Carlos da Silva Cunha responde interinamente. Este, sabe o que deve ser feito, mas como fazer…, teremos que aguardar. O tempo tem sido implacável e cruel com todos aqueles que apenas tentaram e, infelizmente, a fase de continuar tentando, já terminou.

Não podemos ignorar que os obstáculos são imensos, os recursos são escassos e a falta de médicos e servidores capacitados dificulta a vitória sobre o desafio da saúde pública de excelência. Mas é possível, sim, provê-la por meio de algumas reformulações estruturais básicas, como: Implementação de um sistema de gestão a fim de evitar desperdícios, dar mais velocidade e assertividade aos atendimentos, desonerar os servidores com tarefas meramente burocráticas e melhorar a comunicação e o planejamento da rede de saúde do município – é preciso ter controles fortalecidos por meio da centralização de informações.

Com baixo investimento em tecnologia podemos obter resultados robustos, como: Integração dos processos de toda a rede de atenção à saúde; Redução do tempo de espera para marcação de consultas e exames, melhorando assim a cobertura do serviço e a atenção aos cidadãos; Aumento no índice de satisfação da população com os serviços prestados; Melhora na acessibilidade dos usuários aos medicamentos; Redução de desperdícios de insumos e medicamentos, por meio de gestão de estoque e de compras no timing exato das necessidades; Redução do tempo de espera dos cidadãos por medicamentos; Garantia de maior controle, com uma visão mais completa sobre as condições clínicas de cada cidadão atendido na rede, facilitando diagnósticos e reduzindo erros médicos.

É preciso enxergar os colaboradores como parte da equipe e não como meras peças em uma linha de montagem. Não há produtividade com um time desmotivado.
Não basta ser profissional da saúde e ter afinidade política: capacidade de gestão é fundamental. É preciso buscar os melhores quadros de gestão em saúde, profissionais com experiência em coordenar e motivar equipes, gerenciar recursos e prover respostas rápidas às demandas dos cidadãos.
* Por Leandro Aracati – morador de Macaé