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Dia do Amigo é celebrado em 20 de julho

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O Psicólogo Marcello ressalta que a amizade é um laço harmônico e consonante - Divulgação

Marcello Santos, psicólogo, ressalta a importância da amizade em tempos de pandemia e o seu valor em prol de Macaé neste momento

Neste dia 20 de julho, data em que se comemora o Dia do Amigo, vem à tona a importância de ser ter com quem contar para ultrapassar barreiras e os momentos difíceis como esse da pandemia do coronavírus que assola o mundo todo. Diferentemente do ano passado, em que esse dia pôde ser celebrado com encontros, festas e confraternizações, neste ano de 2020, em uma situação atípica, essas trocas só podem ser amenizadas, através das ligações de telefone e da internet, que funcionam muitas vezes como válvula de escape em meio a saudade.

Esse dia 20 de julho é uma oportunidade de fortalecer os laços de amizade em prol de Macaé, sendo amigo da cidade e tornando possível uma travessia mais rápida, segura e com mais êxito diante da pandemia, em prol da saúde e do bem-estar da população que clama por dias melhores.

Segundo o psicólogo Marcello Santos, a ideia de amizade é muito associada à fraternidade, a uma crença de que a amizade é um laço harmônico e consonante. Isso tem a ver com a constituição judaica de nossa sociedade, sendo quase um imperativo. Precisamos entender que a amizade é um vínculo, uma construção, algo que deve ser marcado por uma tensão, pela possibilidade de se relacionar com o outro. “Hoje, vivemos um momento de liquidez nas relações, em que a amizade é um nó em uma rede, que se desfaz à menor mudança de interesses, mesmo que existam os ‘melhores amigos para sempre’. Na pandemia, a sensação de solidão potencializa a necessidade desse outro, desse ‘não-eu’, seja como alguém para partilhar as sensações, nos acalmar ou indicar certo sinal de vida para além de mim”, informou o psicólogo, acrescentando que o amigo, vinculado de forma superficial muitas vezes, agora é um parceiro, um suporte, um refúgio. Mesmo que virtualmente. Mas nem todos sofrem dessa solidão, é importante frisar. Muita gente vive bem só.

O psicólogo destaca que é preciso dar espaço para que o outro manifeste seu desejo de ajuda, seja como for, visto que é importante se mostrar disponível, o que já é um começo de qualidade de vida e de ajuda. Pode-se entender uma série de fatores psicossociais que convergem para o que é considerado ‘saúde’. “Quando se sugere um ‘abalo psicológico’, abre-se um leque de possibilidades, como depressão, ansiedade, pânico. A violência doméstica, o desemprego e a falta de perspectivas aumentaram. Há exclusões avassaladoramente cruéis. Onde estão os sem teto, expostos à COVID-19? E a impossibilidade de estudantes continuarem em aula, por não terem infraestrutura e acesso à internet? Comportamentos autodestrutivos estão mais incidentes. Parece-me uma boa oportunidade de desafiarmos o individualismo e nos tornarmos mais empáticos e estarmos juntos. E talvez isso nem envolva amizade, necessariamente. Há mazelas sociais que clamam pela nossa ajuda. Há dramas pessoais que vão requerer essa mudança de atitude”, pontua.

De acordo com o psicólogo, o vínculo é algo que suplanta distâncias, nos liga mentalmente, transcende o físico, evoca presença, cheiro, gosto, fala e os sentidos em geral. Vence espaço e tempo. Um bom par de ouvidos, o surgimento em um vídeo, um ‘emoticon’, uma música ou reminiscência de uma história de amizade. “Só gostaria de reforçar que não é necessária amizade, para buscarmos o bem. É necessária uma ética humana, que tem sido dilacerada pelo capitalismo e todos os seus dispositivos sub-reptícios, que tornam até piegas um professor universitário falar de amor como uma atitude incondicional. Precisamos de reformas urgentes. Éticas, não religiosas. E isso vem da educação”, salienta.
“Apoiemos Macaé em ações solidárias, que vão desde ficar em casa, se possível, até participar de campanhas de alimentos. É uma calamidade silenciosa em certo aspecto, silenciada em outros e devemos rejeitar a barbárie do pensamento de que ‘é só uma gripezinha’”, conclui Marcello.

Marcello Santos é psicólogo, musicoterapeuta, Doutor em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social e Coordenador do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Salesiana.

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