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Ainda há esperança

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Por mais que os indicadores econômicos locais já apontem uma mudança relativa da dura realidade encarada por Macaé desde que a crise foi instalada, a sociedade ainda espera fatos mais contundentes, para comemorar o tempo de bonança, após o longo período de tempestade, que ainda assola famílias inteiras que acreditam na recuperação da cidade.

Muito longe da pujança registrada nos quinze anos que separaram 2000, o ano do bom do petróleo, e 2015, momento em que as operações do petróleo na Bacia de Campos atingiram o ápice de volume de óleo produzido e comercializado em alta no mercado internacional de óleo e gás, o atual cenário vivido por Macaé é sim de restruturação, um processo gradativo que modifica as características de diversos setores da economia local.

Hoje, os aspectos e até mesmo o faturamento do comércio não são mais os mesmos. A tradição do setor varejista local, que sempre foi uma espécie de vitrine da moda praticada na Capital, hoje se rende à queda do poder aquisitivo da população local, e acompanha a redução do consumo entre produtos mais caros, oferecendo agora opções mais em conta, que caiba no orçamento da maior parte da sociedade.

O mesmo ocorre com o mercado imobiliário, que talvez seja hoje o cenário mais transparente dos efeitos da crise do mercado do petróleo. Por apresentar uma oferta muito superior a procura, as oportunidades do setor apresentam hoje preços muito aquém dos praticados na era em que a cidade recebia, em média, cerca de 10 mil novos moradores por ano.

Dados que representam os superlativos do petróleo, e também o chamado “Custo Macaé”, a realidade do passado precisa ser encarada hoje como um parâmetro, não mais a ser alcançado pela sociedade local, mas sim como uma diretriz que pode transformar Macaé em uma cidade mais acessível a todos. E isso requer também uma atuação efetiva por parte do poder público.

Por muitos anos, a segregação social na cidade foi imposta pelo mercado voraz offshore, uma situação que ajudou a formar bolsões de pobreza, que representa hoje um dos principais símbolos do progresso local.

Está na hora dessa situação ser revista, a partir da reconfiguração do mercado de trabalho local, que volta a oferecer oportunidades, não mais supervalorizadas como antes. Neste caminho, Macaé passa a construir uma nova identidade, que pode até ser estranha para alguns, porém será o alicerce para verdadeiros dias melhores para todos. Se Deus quiser!

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