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A vida como ela é…

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BRASIL IMPÉRIO

       Ao encontrar meu antigo professor de história do Brasil, Sr. Ricardo, começamos a recordar os tempos em que o ensino público no Brasil era modelo de qualidade, enquanto o ensino privado deixava a desejar. Aproveitando as lembranças, no último feriado, decidi levar a família para visitar a cidade imperial de Petrópolis e, claro, o Museu Imperial, onde minhas filhas menores poderiam se inteirar da história do Brasil. Ao passarmos por um quadro que retratava um senhor de barba branca, Laura perguntou curiosa:
— Pai, quem é esse velhinho?
— Papai Noel! — respondeu Maria, em tom brincalhão.
— Não! É Dom Pedro II. Governou o Brasil por 49 anos e foi um dos melhores governantes que este país já teve.
— Não foi Getúlio? — questionou Laura, com a inocência da juventude.
— Que Getúlio? No governo de Pedro II, houve a abolição da escravidão, ele era fiel à Constituição, as pessoas tinham direitos e a imprensa era livre.
— Havia corrupção, papai? — indagou Maria, com um olhar atento.
— A corrupção sempre existiu, minha filha! No entanto, Pedro II era austero com o dinheiro público. Para não depender de recursos públicos, ele recorria a empréstimos de amigos e aliados.
— Ué! Ele não era o imperador? Não podia tudo?
— Sim, mas como imperador, ele era tão democrático que parecia mais um republicano. Era meticuloso na administração dos negócios públicos.
— Estou gostando de Pedro II, papai! Ele é tão diferente dos dias de hoje.
— É verdade! Inclusive, há uma passagem interessante sobre ele. No primeiro centenário da independência dos Estados Unidos, foi realizada uma exposição de artes e manufaturas, e o convidado mais ilustre era Dom Pedro II. Ele estava lá para ver as inovações da época, e em um dos estandes, encontrou seu amigo Graham Bell.
— O que ele estava fazendo lá? — perguntou Laura.
— Ele disse: “Acabei de patentear um aparelho que transmite a voz humana, mas ninguém deu atenção.” Ao conhecer o aparelho, Pedro II cumprimentou Graham pela invenção, e o telefone logo se tornou a grande novidade da exposição. Por isso, o Brasil foi um dos primeiros países a ter telefone. No dia da inauguração, Graham Bell fez a primeira ligação, e um tal de Pedro, que não era o imperador, atendeu.
— Quem está falando? — perguntou o atendente.
— É o Graham Bell, e aí?
— Pedro!
— Que Pedro?
— Aquele que te empurrou o dedo!
— Não! Ainda é a manivela, mas boa ideia! Vou inventar um aparelho que disque com o dedo. Ele desligou e pensou: “O brasileiro é criativo!”

Guto Sardinha

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