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Tesouro Direto: na volta dos negócios, juros apresentam movimento misto; mercado foca em votação relâmpago de Lei das Estatais e falas de Haddad

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Divulgação

Retorno de prefixados encerrou a sessão em 13,80%, enquanto juro real máximo oferecido por papéis de inflação chegou a 6,45%

Na reta final da sessão desta quarta-feira (14), as negociações dos títulos públicos via Tesouro Direto foram paralisadas por cerca de 40 minutos e os dados da atualização extra só ficaram disponíveis após o fim do pregão. A suspensão aconteceu em função da forte volatilidade nos preços e nas taxas provocada pelo cenário político.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, (PT) disse, em entrevista à Globo News, que espera poder combinar a política fiscal e monetária para fazer com que o País cresça. Ele também afirmou que o “Brasil não está em um momento em que uma expansão fiscal ajudaria a economia”.

A fala de Haddad animou investidores e ajudou a fazer com o Ibovespa fechasse em alta de 0,20%, aos 103.746 pontos nesta quarta, o que representou uma reviravolta após uma sessão marcada pelo recuo do principal índice da Bolsa brasileira.

O dia foi marcado pela votação a toque de caixa da Lei das Estatais na Câmara dos Deputados na noite de ontem (13), o que repercutiu bem mal entre os agentes financeiros. Agora, o texto segue para análise do Senado.

“A curva de juros começou estressada hoje por conta da Lei das Estatais. Depois do pronunciamento do futuro ministro Fernando Haddad, esse cenário piorou, principalmente nos vértices longos”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.

Segundo o especialista, a leitura que o mercado faz é de que o governo não terá limites para seguir com seu plano, mesmo que isso represente a revogação de leis estabelecidas há anos. “A Lei das Estatais é um exemplo disso, a tramitação da PEC da Transição no Congresso, as idas e vindas e o tamanho do projeto são outro exemplo”, afirma.

Na volta dos negócios, o movimento dos juros oferecidos pelos títulos públicos no Tesouro Direto era misto. Papéis prefixados apresentavam alta nas taxas, enquanto a maior parte dos títulos atrelados à inflação registrava recuo ou estabilidade nos retornos.

Na última atualização do dia, o retorno do prefixado 2025 era de 13,80% ao ano. Um dia antes, o mesmo título oferecia uma taxa de 13,64% ao ano. Hoje no começo da sessão, o juro oferecido pelo título chegou a 13,91% ao ano.

Após bater recorde no começo do dia, o Tesouro IPCA+2026 oferecia uma remuneração real de 6,45%, em igual horário, acima dos 6,40% vistos na véspera, mas abaixo dos 6,52% vistos no início da sessão.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na noite desta quarta-feira (14): 

Fonte: Tesouro Direto

Haddad

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu na entrevista à GloboNews a adoção de Parcerias Público-Privadas (PPP) para viabilizar investimentos e obras de infraestrutura no próximo governo. “Há um conjunto enorme de projetos sustentáveis que podem ser concedidos para a iniciativa privada: concessão de aeroporto, de estrada, (tudo) adotando princípios como de modicidade tarifária.”

Ele comentou que a China estabelece muitas PPPs para “fazer as coisas crescerem” e que concessões e PPPs “têm de entrar na ordem do dia”. “Temos de destravar. Na área de mobilidade urbana, não tem como fechar conta (do preço dos projetos) sem PPP. Há muitas concessões a serem feitas que não dependem de recurso público”, afirmou.

Sobre a política de preços da Petrobras, Haddad afirmou que será necessário estudar alternativas, especialmente em um momento de queda do petróleo no mercado internacional.

“A suavização é uma prática corrente”, comentou Haddad, acrescentando que os preços de combustíveis são importantes no País, devido à dependência do Brasil da malha rodoviária. “Vamos ver o presidente da Petrobras que o Lula escolhe. Você pode ter certeza que a primeira coisa que eu vou fazer é sentar com ele.”

Negociações em torno da PEC da Transição

Outro ponto de atenção na cena política: lideranças do MDB e do União Brasil disputam nos bastidores a indicação do ministro das Minas e Energia no governo de Lula em meio às negociações para votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na Câmara dos Deputados, segundo afirmaram à Reuters fontes com conhecimento das articulações.

As negociações em torno da pasta – que tem orçamento previsto de R$ 9 bilhões para o próximo ano – opõem importantes parlamentares do Congresso e poderão garantir ou prejudicar a formação de uma base de sustentação de Lula no Congresso para seu terceiro mandato a partir de janeiro.

Por ora, conforme reportagem da Reuters da última terça-feira (13), o impasse na indicação de ministros é um dos motivos que emperra a votação na Câmara da PEC que garante a manutenção do pagamento dos 600 reais do Bolsa Família, entre outros pontos. A expectativa é que a votação do texto da PEC da Transição ocorra amanhã (14) na Câmara.

Lei das Estatais e IBC-Br

A Câmara aprovou na noite de terça-feira (13) um projeto de lei que muda a Lei das Estatais e libera o ex-ministro Aloizio Mercadante para assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no novo governo Lula.

A proposta, que inicialmente apenas alterava regras sobre gastos das empresas públicas com publicidade, foi modificada de última hora para incluir uma redução no tempo de quarentena para indicados ao comando de estatais que tenham participado de campanhas eleitorais. O texto, aprovado pelos deputados com 314 votos favoráveis a 66 contrários, segue agora para análise do Senado.

A Lei das Estatais, contudo, pode ser um entrave para a nomeação de Mercadante por ele ter sido o coordenador do programa econômico de Lula na eleição. A legislação atual sobre as empresas públicas, em vigor desde 2016, estabelece uma quarentena de 36 meses para alguém que tenha atuado na organização, estruturação e realização de campanha eleitoral assumir cargo de administrador de empresa pública ou sociedade de economia mista ou se tornar membro de conselhos de administração de estatais. Uma mudança feita hoje pela relatora no texto do projeto reduz essa quarentena para 30 dias.

Já na cena econômica, o destaque está nos dados do IBC-Br. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um indicador prévio de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, subiu 0,05% em outubro na comparação com setembro, informou nesta quarta-feira (14) o Banco Central do Brasil. A alta veio abaixo do esperado pelo mercado, que projetava +0,50%, segundo o consenso Refinitiv.

Com o resultado de outubro, o IBC-Br nos últimos 12 meses mostra variação de +3,13% e de 3,41% no acumulado de 2022. Em relação a outubro de 2021, o índice teve crescimento de 3,68%.

No trimestre encerrado em outubro, a alta é de 0,44% e, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o IBC-Br está 4,63% mais alto.

Fed

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) diminuiu o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica dos EUA em 0,5 ponto percentual (p.p.) após reunião desta quarta-feira (14), para um intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Nas últimas três reuniões, a autoridade monetária havia promovido altas de 0,75 ponto percentual nos juros.

A decisão de diminuir o ritmo do aperto monetário foi unânime. A desaceleração no avanço de juros já era discutida, com o Fed ponderando o impacto atrasado da alta de juros na inflação, ainda alta. Um avanço menor do que o esperado na inflação ao consumidor nos Estados Unidos em novembro consolidou expectativas de ajustes menores na taxa básica daqui para frente.

No entanto, o Fed vê juros em 5,1% em 2023 – houve um aumento em relação à projeção anterior, de 4,6%. Em 2024, o número esperado foi revisado de 4,10% para 3,9%. Em 2025, de 3,10% para 2,9%.

Carlos Vaz, CEO da Conti Capital, afirma que a decisão já era esperada, mas que a expectativa é que as taxas sigam elevadas por mais tempo após indicadores de atividade mostrarem resiliência. “De certa forma, isso já estava precificado e o mercado não deve reagir abruptamente. Em resumo, apesar desse afrouxamento, a resiliência do mercado de trabalho americano pode levar o Federal Reserve a manter o ciclo de aperto monetário acima do previsto, pelo menos até meados de 2023, podendo seguir até 2024”.

De acordo com Vaz, a expectativa da casa é que os Estados Unidos poderão vivenciar um período de desaceleração econômica, porém, com menor indicativo de risco de recessão, como o mercado especula. Caso isso não seja possível e a recessão ocorra, o especialista acredita que ela será uma fase atravessada sem grandes prejuízos, justamente em razão da força do mercado de trabalho americano e do desenvolvimento econômico conquistado até aqui.

Por Info Money

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