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Reforma política

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Em números, o novo presidente da República que herdará uma economia em recessão, um governo altamente caro e um rompimento de um sistema político de décadas financiado pela corrupção, já está eleito. É bem pouco provável que uma virada nas urnas ocorra dentro dos próximos 15 dias.

Com a renovação em 50% do número de cadeiras disponíveis no Congresso Nacional, há de se compreender que a visão do eleitor brasileiro está no mesmo foco que as propostas qualificadas como “extrema-direita” no viés político.

A incitação à violência, a intolerância e o risco do tão falado golpe podem ser identificados nos discursos dos militantes que defendem os atuais dois candidatos que ainda disputam a vaga máxima do poder Executivo nacional.

O que difere Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT) é a imagem que cada um preserva diante das heranças políticas que carregam em mais de duas décadas de vida pública.
Deputado federal polêmico, Bolsonaro teve a coragem de enfrentar, no meio do turbilhão de emoções em Brasília, do movimento que oficialmente destituiu o Partido dos Trabalhadores do poder.

Apesar de não ter participado ativamente da formatação e da oficialização do processo do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Bolsonaro surfou na onda do escracho político nacional, fez fama através de programas e de coberturas televisivas que dão bastante destaque às chamadas “subcelebridades” (que todo mundo assiste, mas poucos têm coragem de assumir) e se tornou uma espécie de personagem do processo de transição do poder da televisão para a influência das redes sociais. Este é o seu grande segredo de popularidade.

Haddad carrega a marca de ser fiel a ideologia, não mais do PT, mas do grande mentor e personagem da legenda: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o apelo de ser o representante de um novo “Martin Luther King” brasileiro, o ex-prefeito de São Paulo, que cuidou dos processos de expansão dos programas de financiamento estudantil no país, não consegue passar ao eleitor uma imagem de gestor, mas sim de substituto de segundo plano.
Com toda a insegurança gerada pela corrupção, descoberta pela Operação Lava Jato, o povo brasileiro quer confiança, de ao menos aceitar que há uma mudança brusca nos rumos da política nacional, que possa até ser um tiro no escuro, superando assim duas décadas de um poder vermelho.