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Nupem inova ao criar trilha da ciência como sala de aula a céu aberto conectando a universidade à sociedade

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Buscando a criação de novos espaços educativos e caminhos para reflexões e lazer para diferentes níveis de escolaridade e públicos e que atuasse como uma ponte, conectando a comunidade acadêmica e a sociedade de Macaé e região, professores e alunos do curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/CCS/UFRJ) e do Instituto Politécnico do Centro Multidisciplinar/UFRJ/Macaé conceberam uma proposta inovadora e pioneira na região: a Trilha da Ciência do NUPEM.

Fig.1- Foto à esquerda, professores e alunos do curso de Ciências Biológicas do NUPEM e do Instituto Politécnico do Centro Multidisciplinar/UFRJ/Macaé concebendo o traçado da Trilha da Ciência do NUPEM, foto ao centro, definindo local para a construção, e foto à direita, acompanho a construção da Trilha, desde as primeiras etapas. Fotos feitas entre junho e outubro de 2017.

A Trilha da Ciênciafoi construída no Campus do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/CCS/UFRJ), entre salas de aula, laboratórios de pesquisa, museu, fragmento de agrofloresta e jardins. De acordo com o Professor Francisco Esteves, um dos principais idealizadores deste projeto, a proposta do trajeto da Trilha da Ciência possibilita uma estreita integração dos visitantes com a instituição e seu Corpo Social. Professor Esteves acrescenta ainda que a concepção e construção da Trilha da Ciência do NUPEM vem ao encontro das oportunas iniciativas para romper o forte e frequente distanciamento das fontes de geração de conhecimento, as universidades, com a sociedade. Outro objetivo é desenvolver exposições e atividades que venham ao encontro dos princípios propostos pelos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda das Nações Unidas, ONU 2030.

Fig.2- O trajeto da Trilha da Ciência do NUPEM, possibilita estreita integração dos visitantes com a instituição e seu Corpo Social.   Foto à esquerda, novembro 2017, foto ao centro, janeiro 2021 e foto à direita, dezembro de 2022.

A Trilha da Ciência do NUPEM possibilita ao visitante, através de exposições temáticas e interativas, de caráter temporário, um mergulho no fantástico mundo da ciência, da cultura e das artes, destaca o Professor Américo A. Pastor. Ao longo de seu percurso, os visitantes encontram 12 áreas circulares, denominadas de “Estações do Conhecimento”, onde são encontrados painéis com conteúdos elaborados numa linguagem voltada ao público, não acadêmico, mas que preservam o rigor científico.

Fig.3- O servidor João Marcelo Silva de Souza seleciona os troncos de eucalipto para construir os suportes dos painéis e em seu próprio veículo e com a ajuda do Prof. Francisco Esteves transporta-os de Carapebus para Macaé. O mesmo servidor, passa a atuar como “marceneiro” e confecciona os suportes onde seriam fixados os painéis das futuras exposições. Fotos feitas entre junho e dezembro de 2021.

A equipe do NUPEM, idealizadora e implementadora da Trilha da Ciência, desenvolveu, após consulta às escolas de Macaé e região, o tema: “Planeta Terra: Origem e Futuros” para ser a primeira exposição. Esta exposição apresenta de forma temática e interativa, a história geológica da Terra e a evolução da relação Homem-Ambiente. Segundo a estudante de Biologia Larissa A. Viana, os textos dos painéis da primeira exposição são de autoria do renomado paleontólogo brasileiro e Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Ismar de Souza Carvalho. Cada painel tem um título e o título do primeiro painel: “O Início de Tudo”, descreve a origem do planeta Terra. Já os demais painéis atravessam as eras geológicas conectando-as à formação e extinção de seres vivos, até chegar à era atual, denominada pelos cientistas de Antropoceno. O último painel chama a atenção dos visitantes para a imperiosa necessidade de se buscar a sustentabilidade e salienta que “a construção do futurojá começou”. Assim sendo, o visitante é convidado a despertar-se para o pensamento crítico e reflexivo de seu papel e assumir sua responsabilidade para tornar o planeta mais sustentável.

Fig.4-Foto à esquerda, os estudantes de pós-graduação do NUPEM, Arthur Lopes e Luigi Cunha seguram, orgulhosamente, o primeiro painel, finalmente impresso, que foi como, os demais painéis, cuidadosamente diagramados por eles (Foto fevereiro 2023). Foto ao centro, portal de entrada da Trilha da Ciência e a foto à direita, uma das 12 Estações do Conhecimento ainda em construção. Fotos entre fevereiro e março de 2023.

Para o estudante de Biologia André Cadinelli Ramos, os dias atuais, nos impõe à prática da educação guiada pela interação do homem com a natureza de forma respeitosa, não se colocando à parte dela, mas sim, como ser pertencente, e de maneira indissociável a ela. Neste contexto, o visitante da Trilha da Ciência do NUPEM tem a oportunidade ímpar de conhecer um excelente exemplo de agrofloresta, que expressado de maneira simples, mas com forte embasamento científico, como o homem do Antropoceno, deve produzir seus alimentos dentro dos mais rígidos padrões de sustentabilidade. O espaço agroflorestal do NUPEM, situado contíguo à Trilha da Ciência foi concebido e implantado pelos alunos do curso de Ciências Biológicas do NUPEM/CCS/UFRJ, para ser um verdadeiro laboratório ao ar livre, onde possa ser possível a troca de conhecimentos e saberes entre pesquisadores, alunos de todos os níveis, da pré-escola ao pós-doutorado, agricultores, organizações locais e moradores dos bairros de Macaé e região. A agrofloresta do NUPEM é um espaço vivo e muito adequado para o exercício de práticas científicas ligadas às ciências naturais, como ecologia, ciências do solo, botânica, zoologia, entre outras, e as ciências das humanidades, como pedagogia política, sociologia e filosofia.

Fig.5- Trilha da Ciência do NUPEM em pleno funcionamento, professores, alunos de graduação e de pós-graduação do NUPEM, compartilhando conhecimentos, ou seja, construindo pontes, conectando a comunidade acadêmica com a sociedade de Macaé e região. Fotos maio de 2023.

O fragmento de agrofloresta possibilita aos visitantes uma imersão em conhecimentos populares e ancestrais, muitos deles já desconhecidos das novas gerações, no entanto, de grande importância para a sociedade. Neste sentido, a Trilha da Ciência do NUPEM estimula o despertar por reflexões pela busca de soluções em relação aos impactos do atual modelo predominante, de produção de alimentos e matérias primas, destacando seu impacto à perda da biodiversidade, imposta aos ecossistemas, e a degradação dos solos e a utilização de agrotóxicos e adubos químicos, sobre o desperdício de água, questionando o quadro estrutural de insegurança alimentar e também sobre as mudanças climáticas, pontua o estudante de Biologia Paulo José Gonçalves.

Para um dos principais idealizadores da agrofloresta do NUPEM, o estudante de Biologia André Cadinelli Ramos, na sociedade do século XXI a produção de alimentos tenderá a ser predominantemente em escala regional, e principalmente em escala local. Os cidadãos dos centros urbanos poderão passar a usar áreas ainda sem edificações para a criação de hortas comunitárias e projetos de agroflorestas, nos quais terão oportunidade de compartilhar experiências, interagir entre si e ainda de colher grande parte dos recursos necessários para a alimentação. É chegado o momento no qual modelos de produção de alimentos assumirão papel de grande destaque. Estas e outras práticas, que se caracterizam pelos impactos socioambientais positivos, interagirão com as modernas tecnologias de informação para construir um novo modus operandi de uma sociedade em um mundo interconectado e sustentável.

Fig.6 Foto à esquerda, através do espaço agroflorestal do NUPEM (contíguo a Trilha da Ciência) é possível despertar aos visitantes reflexões acerca da produção sustentável de alimentos. Foto do meio: crianças, moradoras do Bairro Barreto, mostrando as sementes que irão semear, acompanhar a germinação e o crescimento e posteriormente a colheita.

Segundo a estudante de Biologia Maria Cecília G. Coimbra, Trilha da Ciência do NUPEM já foi visitada por centenas de pessoas, entre estes, crianças e adolescentes de escolas públicas e privadas e cidadãos macaenses e de outros municípios e até mesmo de fora do estado do Rio de Janeiro.

As visitas à Trilha da Ciência do NUPEM podem ser realizadas de segunda a sexta feira de 9:00 às 20:30 horas e sábados e domingos de 9:00 às 17:00 horas. As visitas também podem ser realizadas por grupos de 40 pessoas. Neste caso, é importante fazer o agendamento antecipadamente, através do e-mail espacociencianupem@gmail.com para que alunos do curso de Ciências Biológicas e dos Programas de Pós-Graduação do NUPEM/CCS/UFRJ, que receberam treinamento prévio, atuem como monitores e assim possam ajudar os visitantes a realizar um mergulho ainda mais profícuo no universo maravilhoso da ciência, da cultura e das artes, proporcionados pelas exposições. Todas as visitas são gratuitas.

Após a visita à Trilha da Ciência do NUPEM, crianças, adolescentes e o público em geral expressam, com muita frequência, manifestações de satisfação por ter vivenciado, pela primeira vez, no município de Macaé, a experiência de visitar “um museu a céu aberto” e de “ter conhecido uma universidade”.  Muito frequente também são as menções ao elevado nível científico da exposição e ao fato de ter despertado a consciência da urgência da sociedade em reorientar os seus hábitos de vida e os padrões de produção e de consumo de bens. Esta reorientação é indispensável para que a o planeta Terra não continue na trajetória suicida atual, que levará inevitavelmente, a catástrofes climáticas, crises hídricas, extinção de espécies, muitas deles indispensáveis à sobrevivência humana e o surgimento de muitas doenças em escala de epidemias e pandemias, pontua o Prof. Francisco Esteves.

Professor Francisco Esteves destaca também, que a mensagem final da primeira exposição da Trilha da Ciência do NUPEM é de que o modelo atual, que se mantém há mais de dois séculos, calcado no uso não sustentável da natureza e do crescimento econômico infinito, está definitivamente esgotado e no momento, a alternativa mais segura é a tomada de consciência pela sociedade de que o uso sustentável da natureza é a única alternativa que temos para garantir a sobrevivência do planeta Terra.