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Magno Elias: um conselheiro da Cultura que promove a música em Macaé

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Foto: Divulgação

O público macaense pode contar com o site hmmacae.com para conhecer um pouco mais sobre a música em Macaé. Pertencente ao projeto ‘Histórias da Música em Macahé’, o site dispõe de arte e entretenimento, com viés educativo. Ele surgiu em novembro de 2020, através de um bate-papo informal de amigos músicos. Entre eles estava o percussionista e servidor público Magno Moreira Elias (40).

“Sou servidor público desde 2006, quando prestei concurso em 2004 para a antiga Fundação Macaé de Cultura, hoje Secretaria. Meu trabalho como servidor na verdade é na área administrativa, que é o cargo que concorri na época do concurso. Paralelamente estudei música na Emart, me formei no curso livre e no curso técnico. Minha atuação como músico foi sempre como autônomo, dando aulas em outros lugares e tocando em bandas”, comenta ele.

1) Quais são os objetivos do site? Como ele surgiu?

Magno: O site foi uma iniciativa de um coletivo de músicos, primeiramente começou gratuito (blogspot). Depois conseguimos apoio financeiro para fazer um site profissional e, em pouco tempo, colocamos no ar. Quem quiser acompanhar esse trabalho é só digitar “hmmacae.com“. Muito simples, pra facilitar. Seu grande objetivo é disseminar o conhecimento da música produzida em Macaé, por músicos daqui e de fora que estão morando na cidade.

2) Quais são seus projetos, ideias, planos culturais?

Magno: Meus projetos musicais nunca foram ambiciosos. Sempre procurei desenvolver meus trabalhos por aqui mesmo na cidade, construindo parcerias com outros músicos, acompanhando na bateria ou na percussão. Minha origem na música é no rock mais pesado, mas em um dado momento percebi que deveria buscar novos caminhos, desenvolvendo habilidades de um músico versátil. Corri atrás e aprendi a tocar variados gêneros da música popular, instrumental e por aí vai. Foi assim que comecei a construir muitas parcerias e ser chamado para tocar em variados projetos.

3) Conte sobre seu trabalho no Conselho de Cultura.

Magno: Fazer cultura, por si só, já é transformador. Eu estou atualmente como conselheiro de Cultura, representando a vertente da música. É no Conselho que me vejo na oportunidade de discutir políticas culturais para o município de Macaé, já que este órgão é paritário, ou seja, metade composto pela sociedade civil e a outra metade composta pelo Poder Público.

Um exemplo recente que estamos discutindo é sobre a regulamentação da Lei do Artista de Rua (Lei 4157/2016). Mesmo com ela, já houve muitos casos de represálias a artistas no Calçadão do centro da cidade. Ali é um lugar com muitos transeuntes e por isso muito cobiçado pelos artistas. E me traz muita satisfação o fato de eu estar integrando um Conselho de Cultura e discutindo formas do artista ser respeitado e reconhecido, através da regulamentação desta lei.

4) Todo o seu trabalho cultural tem em si amor a Macaé, não é verdade?

Magno: Sim. Meu amor à Macaé começa pelo bairro onde nasci e aproveitei bastante a minha infância e adolescência: o bairro de Imbetiba. Cresci na Rua Dr. Bueno e descobri muito tempo depois que esta via era apelidada pelos antigos de “Rua do Meio”. Minha infância foi um tempo saudável onde ainda consegui aproveitar muito dela. Brincava de tudo que você possa imaginar! Entrei para a história por ter passado bons momentos da vida ainda no séc. XX (risos). Já meu amor à música começa aos oito anos de idade, quando eu assistia a banda de um primo que ensaiava ao lado da loja do meu pai, na Rua Direita (Av. Rui Barbosa). Eu ficava olhando o baterista tocar, esperando ansiosamente o ensaio acabar para que eu pudesse ocupar o seu lugar. Mas somente aos 13 anos de idade que realmente comecei a tocar, no caso a bateria, por influência de um vizinho que tinha este instrumento. Daí ele percebeu que eu tinha jeito e deixou-me treinar na casa dele.

5) Comente um pouco sobre Viriato Figueira da Silva e Benedicto Lacerda, músicos macaenses de renome nacional.

Falar sobre essas personalidades exigiria muito tempo, mesmo eu não sabendo tudo sobre eles. Viriato Figueira da Silva (1851-1883) foi filho de escravos e pouco se sabe sobre ele aqui em Macaé. Foi no Rio de Janeiro que fez sua vida, estudou Flauta Transversal e Saxofone e fez parte da primeira geração do Choro (gênero musical urbano carioca), juntamente com seu professor e grande amigo, Joaquim Antônio da Silva Callado Jr. que, por sua vez, estudou com Henrique Alves de Mesquita. Esses nomes foram os responsáveis pela influência da música de concerto no virtuosismo chorístico. Viriato também foi o primeiro solista de saxofone no Brasil. Uma composição famosa sua é a música “Só para Moer”.

Benedicto Lacerda (1903-1958) dispensa comentários. Estudou na Sociedade Musical Nova Aurora e foi para o Rio de Janeiro estudar. Podemos destacar as parcerias que fez com Pixinguinha, Carmen Miranda, Herivelto Martins e outro macaense, Luiz Barbosa. Benedicto teve a sorte de pegar o início da era do Rádio (a partir de 1922) e difundiu muito o Samba-choro através de seus grupos chamados “Regionais”. Outros artistas macaenses que merecem destaque são: Luiz Barbosa; Ângela Maria (nasceu em Conceição quando era distrito de Macaé); na década de 60 pra frente temos vários artistas macaenses de peso à destacar: Lucas Vieira; Dulcilando Pereira (maestro Macaé); Vanderlei Pereira (mora em Nova York desde 1988); Piry Reis; Neguinho 8 cordas; etc. Outras personalidades que gostaria de destacar são: Maria José Guedes; Maria Letícia Carvalho; maestro Tinho; maestro Charutinho; maestro Jorge Macedo; prof. João Salgado; Dácio Lobo Jr.; Licínio Gomes e Zé Rangel.

Por Alexandre Bordalo – Jornalista/ Facebook

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