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Loteamento cai no esquecimento do poder público

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Área nobre esconde por trás de belas residências alguns problemas de infraestrutura

Saneamento, lazer e manutenção das ruas são algumas das melhorias aguardadas no Verdes Mares

Com um pouco mais de 10 anos de existência, essa semana o Bairros em Debate volta a visitar um bairro ainda pouco conhecido pela maioria das pessoas da cidade. Com belas casas e terrenos valorizados, o Verdes Mares é hoje um dos exemplos do processo de expansão imobiliária registrado em Macaé desde que o município ganhou o título da “Capital do Petróleo”. Uma casa ali custa, em média, R$ 200 mil.

Já um terreno também pode chegar ao mesmo patamar, o que não condiz com a falta de infraestrutura no local.

Implantado em uma área cuja dimensão é de 189.849.72 metros quadrados, situada entre a Ajuda e a Linha Azul, o bairro enfrenta, atualmente, problemas, que começaram a ser registrados logo após a finalização do processo de loteamento. Nesse tempo, algumas melhorias foram feitas, mas outras ainda continuam fazendo parte da realidade de quem vive ali.

A nossa última visita aconteceu em fevereiro de 2014. De lá para cá, pouca coisa mudou, segundo afirmam os moradores. Devido ao descaso do poder público nos últimos anos, hoje o local enfrenta problemas como destino irregular da coleta do esgoto, terrenos tomados pelo entulho, invasões, além de buracos no asfalto de determinadas ruas.

Diante disso, O Bairros em Debate deste final de semana visitou o local e, na ocasião, conversou com alguns moradores. Eles dizem que gostam de viver ali, porém se a população tivesse acesso a alguns serviços básicos, a qualidade de vida ali seria infinitamente melhor.

Invasões preocupam moradores

Invasão vem sendo denunciada há, pelo menos, quatro anos

Apesar de estar localizado ao lado de uma das áreas mais carentes do município, o Bosque Azul, os moradores dizem estar apreensivos com outra situação, uma área de invasão próxima. Eles dizem que o espaço vem sendo tomado por famílias há anos, que estariam vivendo de maneira irregular nesse local.

Alguns dizem que o medo é de que a situação saia do controle e isso implique no aumento da violência no bairro e até uma possível desvalorização dos imóveis.

“Há mais de quatro anos a gente vem denunciando isso e o poder público nada fez. Pelo contrário, fazem vista grossa para o problema, que só aumenta. É um absurdo. Vivemos apreensivos com o medo dos impactos negativos que isso pode gerar. As ocupações só crescem a cada dia. Nosso bairro está sendo desvalorizado por conta disso e ninguém toma uma providência”, diz um morador, que pede sigilo do nome. “Eu ainda moro mais afastado, mas imagina para quem vive ali próximo. É uma sensação de impunidade. A gente trabalha a vida toda para conquistar um espaço nosso e algumas pessoas simplesmente invadem e fica por isso mesmo”, completa.

 

Loteamento não conta com área de lazer

Única opção no bairro é um campinho de terra improvisado

Assim como em vários bairros da cidade, o lazer também não chegou ao Verdes Mares. Os moradores não contam com praças, muito menos locais com parquinhos e quadras. Apesar disso, algumas pessoas relatam que existe uma área de cerca de 22 mil metros quadrados, que teria sido doada pela prefeitura há anos, porém que hoje só serve para acumular mato e entulhos.

Atualmente, os moradores contam apenas com um campinho de terra improvisado. “Hoje é a nossa única opção de lazer. Caso o contrário, tem que ir para a zona sul da cidade, porque nem no entorno temos opções. É muito raro você ver uma criança ou jovem na rua aqui. Os pais ficam apreensivos devido as comunidades no entorno”, diz o morador.

O acesso ao lazer é um direito previsto na Constituição Brasileira de 1988. De acordo com o § 3º do Art. 217, cabe ao Poder Público incentivar o lazer, como forma de promoção social. Mesmo com a expansão do bairro nos últimos anos, a população não conta com uma praça ou um simples campo de futebol para as crianças e jovens.

Além da Constituição Brasileira, proporcionar áreas de lazer dignas também é um direito das crianças e adolescentes, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Art. 59 do ECA frisa que “os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude”.

 

Ruas do bairro estão esburacadas

Buracos tomam conta das ruas do bairro

Caminhar por algumas ruas do bairro requer uma atenção redobrada, tudo isso por conta dos buracos. Um dos trechos mais críticos fica próximo ao Bosque Azul. Quem passa por ali mal consegue acreditar que a via é pavimentada. Após anos sem receber manutenção, a pista ficou deteriorada.

Mas o problema não se restringe apenas a esse trecho. É possível encontrar avarias em várias ruas do bairro. Em alguns casos, eles se concentram um próximo ao outro, obrigando o motorista a fazer vários desvios. “Enquanto vários bairros da cidade recebem asfalto novo, o nosso nem “tapa-buraco” tem visto. Precisamos de maior atenção do poder público”, cobra o morador.

Vale ressaltar que a manutenção das vias é um direito de todo cidadão e está prevista dentro do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que garante que é dever das autoridades promover um trânsito seguro e de qualidade.

 

Postes acesos durante o dia

Poste aponta desperdício de energia no loteamento

Nós sempre ouvimos falar que é importante economizar energia. Entre as vantagens dessa prática está a redução do valor da conta no final do mês. No entanto, esse ato traz mais benefícios do que se pode imaginar. Reduzir os gastos e evitar o desperdício é uma forma de colaborar com o meio ambiente.

Mas enquanto se pede aos consumidores para que eles economizem, postes acesos nas ruas durante o dia mostram um grande desperdício de energia. Essa situação já foi presenciada várias vezes em Macaé.

Isso tem acontecido em alguns pontos do Verdes Mares. “Enquanto alguns precisam de troca de lâmpadas, outros ficam acesos durante o dia. Não tem muita coerência. Mas nem adianta falar, porque aqui parece que é inexistente para o poder público”, lamenta uma outra moradora, que também pede sigilo do nome.

Em Macaé, o serviço de iluminação pública é de responsabilidade da prefeitura. Entre suas obrigações estão a substituição de lâmpadas, luminárias e demais equipamentos e materiais que compõem o ponto de iluminação.

A taxa de iluminação cobrada mensalmente na conta de energia da população é repassada para a prefeitura, que define o valor que será cobrado. Essa verba deve ser utilizada para investir e manter a iluminação em todo o município, como, por exemplo, troca de lâmpadas queimadas, instalação de novos pontos de iluminação, entre outros. A orientação é que a população entre em contato com a prefeitura quando houver algum problema de iluminação na cidade.

O que diz a prefeitura

Procurada, a prefeitura informou que o serviço de recapeamento está sendo realizado em diferentes bairros do município. O Verdes Mares também está na programação para receber os serviços.

Sobre as invasões, ela diz que a questão está sendo tratada na justiça, aguardando decisão judicial.

E ressalta ainda que a secretaria de Serviços Públicos informou que as ações de limpeza para o bairro estão no cronograma.

Quanto ao lazer, a demanda foi encaminhada para a secretaria de Obras.
Por fim, a Coordenadoria de Iluminação Pública (CIP) disse que enviará equipe ao local para verificar os postes acesos durante o dia.