Fogo cruzado

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Há muito tempo a população cansada dos arroubos políticos dos atores que vivem em Brasília, criando fatos capazes de mexer com cada cidadão que habita este imenso Brasil, este ano, mais propriamente a partir de 26 de fevereiro, quando o país registrou o primeiro caso da Covid 19, por causa da pandemia assolando o mundo, e fartamente anunciada pela Organização Mundial da Saúde – OMS, medidas restritivas para diminuir o impacto do quase terror que vivemos hoje com o anúncio de milhares de vítimas fatais, tiveram de ser adotadas para conter a onda que aumentava a cada dia, sem que uma solução possível e imediata pudesse servir de orientação.

O povo, a cada instante, vivendo momentos angustiantes, quando os governadores e prefeitos foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal a adotar critérios capazes de minimizar a situação, de repente se viu alijado de todos os sonhos, passando a sofrer as consequências das ações pensadas ou mal pensadas. Pequenos e micro-empresários, ou empresas de médio e até grande porte, gerando desemprego sem saber o que fazer, não tiveram de imediato a ajuda das autoridades para se defender do caos que viria a se instalar. O governo federal preferindo o desafio de não acreditar no que estava acontecendo na realidade, levando ao desentendimento com governadores e prefeitos onde a crise atingiu mais fortemente as cidades de maior população, se viu, de repente, num cenário quase de guerra. Estava instalado no país, um clima hostil, para mostrar que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.

As cenas horripilantes transmitidas por todos os meios de comunicação, mostrando dezenas ou até centenas de mortos sendo sepultados em caráter de urgência sem que fosse permitido aos familiares o ritual de despedida num velório, deixaram ainda mais temerosos os que têm esperanças de ver acabada de uma vez a pandemia instalada em que o coronavirus não perdoa a aqueles que não tomam os cuidados amplamente divulgados pelas autoridades sanitárias.

Se em todas as partes, os casos continuavam se multiplicando, em Brasília, capital do país, movidos talvez pela falta de sensatez e desejando demonstrar liderança, não só o chefe da nação, como seguidores fiéis, teimavam e teimam, ainda, em ignorar as regras para proteger a saúde, na contramão das recomendações das autoridades de saúde, que também acabaram atropeladas e substituídas nas funções, por discordarem das orientações consideradas erradas. Era o puro exemplo de ações mal direcionadas, levando os mais afoitos para as ruas, com certeza, ampliando o número de infectados e, consequentemente, de mortos.

As regras políticas foram quase colocadas de lado, o Congresso Nacional não teve outra saída senão embarcar na onda de aprovar diversos projetos para socorrer estados e municípios, além de evitar outras crises que até hoje dominam os três poderes e continuarão fazendo mais vítimas, abalando as estruturas de uma governabilidade agora mais do que nunca, necessária. Ou seja, voltamos às regras antigas do toma lá dá cá para se ter o apoio político e o enfrentamento das oposições que se viram antes esmagadas, agora voltando às ruas, de maneira ainda tímida, mas prometendo fazer barulho, como registrado domingo passado no Rio e São Paulo, tudo que os brasileiros cordatos não desejam.

Pelo mundo, os exemplos no combate à Covid 19, parece não terem servido ao Brasil que em cada região conta com adesões de enfrentamento às ordens emanadas dos governos municipal, estadual e federal. Com o desemprego, e vivendo a expectativa de uma retomada da economia que não se dará tão cedo, a população encontra-se no fogo cruzado até que a pandemia acabe e a ordem volte a prevalecer.

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