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Doações de órgãos aumentam, fila cai, mas número de transplantes não avança

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Por Lígia Formenti, com colaboração de Ana Paula Niederauer

Balanço divulgado nesta quinta-feira, 27, pelo Ministério da Saúde mostra que as doações de órgãos aumentaram 7% no País, a fila de pacientes aguardando transplantes caiu, mas o número de cirurgias permanece estável. De acordo com a pasta, em junho deste ano havia 41.266 aguardando a operação, ante os 44.332 do ano passado.

A queda na fila se dá sobretudo por causa do transplante de córnea. Em 2017, 13.920 pacientes aguardavam a cirurgia – bem menos do que os 10.256 inscritos na lista deste ano. Quando se analisam os dados de transplantes de órgãos sólidos (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim e o transplante associado de pâncreas e rim), no entanto, o que se vê é que o número de integrantes da fila subiu de 30.412 para 31.010 pacientes no período.

A redução na fila da córnea foi explicada pelo ministro em exercício, Adeilson Cavalcante. De acordo com ele, há uma progressiva redução da procura por esse tipo de cirurgia, uma vez que pacientes já vêm sendo atendidos. Isso se reflete, também, no número de operações realizadas. Em 2017, foram 7.989; neste ano, 7.513. Os dados de 2018, porém, ainda são preliminares.

Entre os transplantes que apresentaram um aumento na fila está o de rim. Este ano, há 27.741 aguardando o procedimento. Em 2016, eram 26.938. Também houve um aumento do transplante associado de pâncreas e rim. A fila, que em 2016 era de 595 pessoas, passou para 653. Ao apresentar os dados, o ministério comemorou o crescimento de 7% do número de doadores efetivos de órgãos.

Consentimento

Para Cavalcante, no entanto, há ainda um caminho a seguir. O principal desafio é ampliar a taxa de consentimento familiar à doação de órgãos. Ao longo dos últimos anos, ela oscilou muito pouco. Para se ter uma ideia: em 2013, a taxa de autorização era de 55%. Este ano, ela é de 58%, de acordo com dados repassados pelas Centrais Estaduais de Transplantes.

“Até eu adoecer nunca tinha passado pela minha cabeça que um dia iria precisar de um transplante. Quando adoeci, tinha fraqueza, mal-estar, as pernas ficavam inchadas”, relata Germanildo dos Santos Boris, de 30 anos, morador de Cruzeiro do Sul (AC). Em 2002, ele descobriu ser portador do vírus da hepatite B. Três anos depois, fez a cirurgia de fígado no Hospital Leforte, na capital paulista.

Em São Paulo, ele ficou hospedado em uma residência da Associação para Pesquisa e Assistência em Transplante (Apat), entidade criada por um grupo de médicos clínicos e cirurgiões de transplantes que constataram a dificuldade de vários pacientes vindos de outras regiões do País de se manter em São Paulo. “Depois do transplante, tenho uma nova vida, ando para tudo que é canto”, firma Boris.

Campanha

Para tentar reduzir a resistência que ainda é encontrada entre alguns familiares, o ministério lançou uma campanha nacional de incentivo à doação. O ministério espera alcançar até o fim do ano um potencial de 17 doadores efetivos por milhão de pessoas.

De todos os transplantes realizados no País, 96% são realizados pelo Sistema Único de Saúde. De acordo com a pasta, o sistema de transplantes do Brasil constitui o maior programa público no mundo. Ao todo, há 504 centros de transplantes. No ano passado, o orçamento para o setor foi de R$ 989,88 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.