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Da represa à lama

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Com óbitos na casa dos centenas, a tragédia de Brumadinho representa o que ainda é preciso para garantir todas as transformações importantes para o país: humildade. Em se tratando de uma situação de calamidade nacional, a comoção geral vai muito além das respostas que ainda precisam ser dadas ao povo de Minas Gerais, e a todos os brasileiros.

Apesar das discussões ainda estarem nas avaliações sobre a validade de processos de privatização de empresas estatais, a realidade dos fatos ainda paira sobre como o “jeitinho brasileiro” ainda opera concessões e serviços com alto risco de impacto, econômico e social.
Nem mesmo a catástrofe de Mariana, também em Minas Gerais, serviu de alerta sobre o acaso, que ainda tentam colocar na conta da natureza, mas que sempre ocorre por conta das falhas humanas, em sempre sucumbir à corrupção.

Ainda é cedo para apontar responsáveis. Mas não restam dúvidas de que há fatos preliminares acobertados por acordos políticos/empresariais que representam hoje a morte de tanta gente, por conta da enxurrada de lama de rejeitos. E nesta história, resta a dor daqueles que perderam tudo, até mesmo a dignidade.

Entre todas as teorias de conspiração, há aqueles que apostam na criação de um fato internacional, para gerar lucro para empresas globais. Da capacidade de regeneração do mercado, cada óbito registrado pode representar o fim de uma companhia, mas o início de um conglomerado.

A verdade é que nem mesmo as autoridades, estadual e nacional, aprenderam com a tragédia. Se ainda não é possível encontrar os culpados, que então sejam criadas regras imediatas que exijam da mineradora a responsabilidade de arcar com todas as despesas necessárias para amenizar o sofrimento das famílias atingidas pela lama. Um grupo de soldados israelenses não é suficiente para reduzir os efeitos da tragédia.

Diante de tudo isso, não há como mensurar o tamanho de uma calamidade que poderia ser evitada, se houvesse neste país mais rigor às regras, à fiscalização e à impunidade. Quando todo esse desespero passar, se é que isso um dia acabará, restará apenas a marca da lama, cuja simbologia representa bem o atual cenário nacional. Mesmo após a mudança!

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