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A vida como ela é…

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Meia Noite

Em uma chácara tranquila, cercada de verde e paz, um cachorro de manto preto encontrou seu abrigo. Meia Noite, assim o batizamos, pois sua chegada sempre ocorria sob o véu da escuridão. Confesso que, a princípio, não nutria grande simpatia por ele. Parecia oportunista, sempre se adiantando na hora da comida, deixando os outros com pouco para se saciar. No entanto, mesmo com minhas reservas, Meia Noite não se afastava de mim. Onde quer que eu estivesse, lá estava ele, fiel e atento. Se eu saía de carro, percorrendo quilômetros de estrada, Meia Noite seguia ao meu lado correndo velozmente, como um guardião silencioso. Até mesmo quando eu explorava os cantos da cidade, ao descer do veículo, lá estava ele, pronto para me acompanhar.

Com o tempo, comecei a enxergar além da sua astúcia. Percebi que Meia Noite não era apenas um oportunista, mas um protetor incansável. Sua presença constante me trouxe uma sensação de segurança, como se ele fosse meu escudo contra qualquer perigo. E assim, aos poucos, fui me afeiçoando a ele. Hoje, Meia Noite é meu amigo leal, o primeiro a receber os alimentos. Aprendi a admirar sua determinação e coragem. Seu olhar, antes desconfiado, agora transborda gratidão. Ele se tornou parte da família, um companheiro inseparável.

Nossas caminhadas pela chácara se tornaram momentos de cumplicidade. Meia Noite corre livremente, explorando cada canto, enquanto eu o observo com um sorriso no rosto. Sua energia contagiante me faz lembrar que a vida é feita de encontros inesperados, capazes de transformar nossas perspectivas.

Meia Noite, o cachorro de manto preto, me ensinou que as primeiras impressões nem sempre são as mais acertadas. Por trás de sua astúcia, havia um coração leal e protetor. E eu, que antes não lhe dava muita confiança, hoje sou grato por sua presença constante em minha vida. Assim, em meio às noites estreladas e dias ensolarados, Meia Noite e eu seguimos juntos, compartilhando uma amizade que superou todas as expectativas. E que essa história nos lembre que, por vezes, é preciso dar uma chance ao desconhecido, pois ele pode se tornar nosso maior tesouro.

Por Guto Sardinha

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